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Boicote ao casseta e planeta

15 Nov 2003

Enquatno eu procurava uma ilustração para a nota anterior, achei essa entrevista com o Adão. Ela está hospedada no site do Projeto Casulo, cujos artigos se destacam pela qualidade dos hiperlinks – um recurso do qual muitas vezes a imprensa “pseudo-online” simplesmente se esquece.

Mas o assunto principal é que, da entrevista, fui parar na página de um tal movimento de boicote ao Casseta e Planeta. Os partidários alegam que o C&P está engajado numa campanha para difamar o povo gaucho – isso por causa dos manjados gracejos que os gaúchos compartilham com os habitantes de Campinas e Pelotas, e que vira e mexe são explorados na telinha pelo grupo humorístico.

O pior é que eles misturam essa paranóia com outras questões mais sérias, tais como o coronelismo exercido pela afiliada local da Rede Globo. E mesmo estes assuntos são tratados com factóides, ao invés da discussão séria que merecem. Mas o link está aí, julguem por vocês mesmos.

Revista Dundum

14 Nov 2003

<img src=”img/blig/dundum.jpg”style=”float:right;border:1px solid black; margin:4px”>A Dundum foi publicada em Porto Alegre, bem no começo dos anos 90. Além de ser o berço de gente como Adão Iturrusgarai e Edgar Vasques, ficou famosa por ter recebido apoio da Secretaría Municipal de Cultura (gestão PT), seguida pelas tradicionais reações da oposição quanto à “imoralidade subsidiada pelo dinheiro público”, aquela papagaiada de sempre, mas que, no fim das contas, parece ter ajudado tanto a prefeitura quanto a revista.

Não sei se chegou a ser distribuída no resto do país – se foi, eu nunca vi. Mas o site das Edições Tonto – que já me tornava um ser mais feliz com as tiras do Allan Sieber – tem uma página de compras que permite adquirir todas as (três) edições da Dundum. E foi o que eu fiz (num processo não exatamente automático, mas no qual fui muito bem atendido).

A revista, antes de tudo, é mais uma demonstração da auto-suficiência cultural do Rio Grande do Sul – que muitas vezes é injustamente confundida com bairrismo (em outras tantas é bairrismo mesmo, mas esse é outro assunto). Ao mesmo tempo que se sente a influência forte de revistas como Animal e Chiclete com Banana, a Dundum tem o seu sotaque próprio, que fica mais evidente a partir da terceira edição.

No quesito humor, fica devendo um pouco. Mas os quadrinhos mais “sérios” têm momentos interessantes. Considerando o preço (R$ 3 por exemplar), vale a pena dar uma espiada – pelo menos para quem curte o gênero “nacional anos 80″.

Peach girl

13 Nov 2003

A Panini resolveu apostar no mangá “de menina”, e eu, como de costume, fui macho o suficiente para comprar. É bacaninha, não muda a vida de ninguém, mas dá pra se divertir.

Se eu fosse feminista, estaria um pouco grilado com o fato de terem invertido as páginas, ou seja, publicado na ordem de leitura ocidental… as meninas não conseguem ler de trás pra frente, é isso?

Kanji Pictográfico

04 Nov 2003

Quase comprei a versão original de Kanji Pictográfico, mas um amigo mencionou ter ganho a edição em português, e, de fato, achei em uma banca de rodoviária! Como a capa sugere, o livro tenta explicar cerca de 1000 kanjis (caracteres japoneses herdados da China) através da associação com figuras.

Muitos kanjis são, de fato, pictográficos, e para estes o livro é excelente. Entretanto, ele usa o mesmo artifício com os não-pictográficos – ou ainda, com aqueles cuja imagem de origem pouco se relaciona com o significado. Nestes, o resultado varia: vai de algumas pérolas de criatividade até as mais indigestas forçadas.

Para quem está estudando, todo santo ajuda – e o preço está abaixo de muitos livros “didáticos” que não chegam aos pés deste. Como curiosidade eu fico dividido – acho que eu daria de presente para alguém, mas não sei se compraria um pra mim.

Dose dupla de michael moore

04 Nov 2003

Foi quase coincidência, mas no mesmo dia em que eu terminei de ler Stupid White Men – Uma Nacão de Idiotas, eu aproveitei para pegar a última apresentação nos cinemas de São Paulo do documentário Tiros em Columbine, escrito e dirigido pelo mesmo autor do livro.

O livro superou todas as minhas expectativas. Eu, que me julgava uma pessoa informada acerca da suposta eleição de George W. Bush, julgava que as irregularidades ocorridas estavam na linha daquelas manipulações de mídia que elegeram Fernando Collor. Entretanto, o livro traz uma série de fatos e números (com fontes fartamente documentadas) que não deixam dúvida: esta eleição foi uma fraude completa, um verdadeiro golpe de estado, ponto.

Tal constatação é o ponto de partida para um raio-x detalhado de tudo o que Michael Moore vê de podre nos EUA de hoje – indo dos republicanos aos democratas, mas sem deixar de passar por certas atitutdes mesquinhas do povo americano, e mesmo pelo candidato da “terceira opção”, que Moore apoiou praticamente até o fim da eleição. Mesmo que seja difícil concordar com tudo o que o autor diz, o espírito é incontestável.

<img src=”img/blig/tirosemcolumbine.jpg”align=”left” border=”2”>Já o filme tem alguns aspectos interessantes – a começar por ser um caso raro de documentário de longa metragem sem efeito sonífero. Assim como o livro, ele parte de um fato isolado (o massacre ocorrido na escola em Columbine) para abordar questões mais amplas envolvendo armas e o povo americano.

Mas há uma diferença fundamental: no filme, Moore não assume o tom panfletário do livro. Sua opinião só se faz perceber quando ele mesmo se torna objeto de estudo. Na maior parte do tempo, o filme mostra os diversos lados de cada questão – claro, qualquer pessoa com um mínimo de bom-senso percebe o recado, mas isso fica a critério do espectador.

O melhor de tudo: as contradições (por exemplo, as estatísticas envolvendo fatalidades com armas de fogo) não são varridas para debaixo do tapete. Elas são desnudadas como contradições (mesmo que isto prejudique a missão pacifista de Moore), e o julgamento fica a cargo do espectador. Tal respeito à inteligência do público numa sala de cinema é cada vez mais raro, e só isso já justifica os elogios e prêmios que o filme recebeu.

Claro, as questões tratadas fogem completamente da nossa realidade – a equação das armas e da violência tem muito mais variáveis por aqui. Mas os sintomas desta questão nos EUA certamente se fazem sentir por aqui – seja pela influência cultural, seja através das conseqüências políticas e econômicas desencadeadas ao redor do mundo por qualquer crise que por lá se desenvolva.

Crumb & cia versus Eisner

24 Oct 2003

Não vou me alongar demais explicando o que foi o Zap Comix (tem muito material na Internet sobre o assunto). Como o gibi/fanzine influenciou meio mundo – incluindo o meio mundo que me influenciou – comprei assim que vi na frente (apesar do preço salgado, na faixa dos R$ 30).

Honestamente, foi um pouco frustrante. Claro, é bacana para quem gosta de quadrinhos e quer ir um pouco além do convencional – ainda mais pelos textos introdutórios. Só que, em termos de diversão… sei lá, ficou bem atrás, por exemplo, da coletânea R. Crumb: Fritz the Cat, da mesma editora (Conrad), ou de outros quadrinhos do Shelton – por exemplo, “As Aventuras dos Fabulosos Freak Brothers” (outra ótima edição, embora um pouco difícil de achar).

<img src=”img/blig/nomejogo.jpg”align=”left” border=”1”>Se for pra gastar mais de vinte mangos em quadrinhos, vá direto em O Nome do Jogo, do também clássico Will Eisner. Quando li a contracapa, hesitei por quase 15 segundos antes de comprar (uma heresia, em se tratando de Eisner). Afinal, pensei, é mais uma história da comunidade judaica do início do século. Cheguei a me perguntar se o Eisner começou a ficar sem idéias.

Claro, me enganei de novo. Mas dessa vez foi para o bem: o autor mais uma vez reinventa a própria narrativa. Ao invés de prosseguir com suas já consagradas histórias de tom autobiográfico sobre os imigrantes judeus de classe média baixa, Eisner partiu para a pesquisa e retratou o outro lado, isto é, os imigrantes judeus que enriqueceram na América.

O resultado, é, como de costume, instigante, se destacando pela isenção – o que foge dos lugares-comuns que permeiam quase todos os livros, filmes e quadrinhos sempre que o tema envolve o povo judeu. Também um pouco caro, mas compensa.

O Google dos livros

13 Oct 2003

Já fui leitor ávido da Revista Wired, mas hoje eu tenho um pé atrás. Convenhamos, falar sobre “era digital” ou “nova economia” é meio que dar a previsão do tempo de ontem (e ainda por cima, errando de vez em quando).

Apesar disso, a qualidade continua inquestionável. Quando pinta uma novidade realmente interessante, não só costuma aparecer primeiro lá, como também acaba sendo a melhor apresentação.

O que me chamou a atenção para o fato foi esta matéria, que fala sobre um novo feature da Amazon: a maior livraria online criou uma espécie de “Google para livros de papel”, isto é, digitalizou uma quantidade razoável deles, e agora permite que você faça buscas no conteúdo destes livros.

A coisa ainda está nos estágios iniciais, mas vale a pena perder um tempo (tanto na matéria quanto no site), porque isso é mais revolucionário do que parece.

Distinguindo o chinês do japonês

09 Oct 2003

<img src=”img/blig/kanji.gif”align=”left” >Estava eu procurando material de apoio para entender melhor o último artigo do Joel Spolsky, quando me vi no site oficial do Unicode (sim, existe um).

Ali eu encontrei a seção East Asian Scripts do manual do Unicode, isto é, a parte que diz respeito a caracteres chineses, japoneses, coreanos e similares. É um trabalho fantástico, que desnuda muitas das diferenças e nuances destes sistemas de escrita, tão semelhantes à primeira vista.

Claro que, sendo desenvolvedor e estudante de Japonês, meu interesse é maior, mas poucas vezes eu vi uma explicação tão acessível para não-iniciados. Show de bola.

Spray anti-radar

07 Oct 2003

Em mais um controverso artigo de John Fitzpatrick (jornalista escocês residente no Brasil) veio esta pérola do crime digital: os caras estão vendendo um spray anti-radar para automóveis.

No espírito do que disse o jornalista, um crime é um crime, mas quando a vítima também é um pretenso criminoso, dá uma sensação de justiça. É inevitável.

Saldo da guerra

07 Oct 2003

Quando eu vi o Iraq Body Count pela primeira vez, achei um pouco macabro, e creio até que tenha condenado mentalmente a idéia. Mas pensei melhor e percebi que este dado é importante para que as pessoas percebam o que foi (ou melhor: o que está sendo) esta guerra.

A seção database do site faz um trabalho bastante profissional, consultando várias fontes jornalísticas e trabalhando com os relatos mais otimistas e mais pessimistas – o que ajuda a minimizar a já conhecida parcialidade de agências específicas.