A imprensa tem feito um certo estardalhaço em torno dos novos lançamentos do mercado de videogames (resumidamente, a Microsoft e a Nintendo lançaram novos consoles num mercado dominado pela Sony), tanto pelas novidades técnicas em torno dos consoles, quanto pelo bem-vindo reaquecimento da economia americana, que ainda tenta se adaptar ao pouso forçado do mercado de ações pontocom e à depressão pós-11-de-Setembro.
Mas tem um fator nisso sobre o qual pouco se fala: a entrada da Microsoft neste campo pode representar a primeira vez (desde a derrocada do Atari) em que uma empresa genuinamente americana capta os milhões de dólares do setor de videogames que tradicionalmente vão parar nas mãos de corporações japonesas como Sony, Nintendo, SNK e Sega (estas últimas já fora do páreo, mas tendo colhido seus louros no passado).
Será que os americanos não vão começar a fazer movimentos de “prefira o produto nacional”, como fizeram em outras épocas com carros? A Microsoft bem que podia fazer algum marketing em cima disso? seria politicamente incorreto em outros tempos, mas o clima nos EUA é outro desde 11 de Setembro. Fora que ia ajudar a combater um outro fenômeno “climático”, que, embora de menor grau que o nacionalismo de mercado, corre o risco de arranhar as vendas do console: o sentimento anti-Microsoft.
Nota de Rodapé: no auge da preocupação americana com a invasão dos produtos japoneses em seu mercado (1992), o presidente da filial americana da Nintendo comprou 60% dos papéis de um time de baseball, o Seattle Mariners, investindo uma dinheirama numa paixão pessoal misturada com tentativa de “marketing de relações”. A imprensa não viu com bons olhos a “profanação” de um símbolo nacional por um investidor estrangeiro, mas os US$ 75 milhões foram fundamentais para levantar o time…