A crise de identidade da polícia se agravou nesta semana: enquanto policiais são flagrados controlando o tráfico de drogas na “cracolândia” de SP, o líder do PCC fica puto com um assalto a uma creche e manda os bandidos “éticos” caçarem os bandidos “sem coração”.
Pra quem mora na periferia de São Paulo, esse tipo de contradição não causa espanto. Quando eu era moleque na Vila Ema (zona leste de SP), era senso comum a gente sair à noite com um olho no bandido e outro na polícia. Claro, bandido era mais perigoso (pelo menos pra mim, que não tinha “cor de marginal” – essa segregação filha da puta que alguns chamam de racismo cordial), mas o fato é que ninguém ficava muito à vontade quando pintava a polícia.
O que é uma pena, porque essa carência de referências positivas na figura da autoridade constituída é um dos pilares da popularidade dos Malufs e suas crias na região – afinal, qualquer aspecto caótico de idéias como o endividamento público ou a transformação da polícia em gestapo desaparece quando é comparado com a situação que lá se apresenta…