(meio longo, mas é pra compensar os dias de ausência)
Na onda das retrospectivas, eu só digo o seguinte: 2001 foi o ano do Sílvio, goste-se ou não (e, considerando que o inimigo do meu inimigo é meu amigo, eu adorei). Vamos relembrar:
Em janeiro, tivemos briga do mal contra o mal: Eurico Miranda, numa tentativa de retaliar as alfinetadas que vinha sofrendo da Globo, estampa o logotipo do SBT nos uniformes do Vasco, e os Marinho ficam numa sinuca: ou não transmitem o futebol, ou fazem propaganda de graça para o homem do baú. E isso rolou sem que ele precisasse mexer uma palha (exceto, claro, se o SBT resolvesse processar o Vasco por uso indevido de imagem).
Mas isso foi só um aperitivo para o banquete que se seguiu. No carnaval, Sílvio Santos foi homenageado por uma escola de samba, e lá vai mais uma hora e tanto de transmissão do seu Sílvio na telinha global. Afinal, estamos no Brasil, ou seja: quando o assunto é futebol ou carnaval não dá pra fingir que não viu…
A vida transcorreu mais-ou-menos normalmente até agosto (apesar do “efeito Show do Milhão”, uma bola de neve que já vinha do ano anterior), quando ocorreu o sequestro de Patrícia Abravanel (filha de Sílvio, para quem esteve em outro planeta).
O comportamento da Globo neste episódio só tem um nome: pé-na-jaca. Alegando não querer incentivar outros sequestradores a fazerem exigências, deu a notícia do sequestro com antecedência, enquanto toda a mídia paulista mantinha a coisa em segredo, a pedido da família. Curiosamente, não teve essa pressa toda quando outro sequestro, este mais recente, envolvia um publicitário – ou seja, um representante dos clientes da empresa…
Não houve moral da história, mas ficou uma pergunta sem resposta: o que alguém ganha abalando a própria credibidade enquanto órgão de imprensa, com o único propósito de colocar o concorrente (mais uma vez) em destaque?
E a coisa não parou por aí: não bastasse o depoimento-pregação de Patrícia (desde Edir Macedo nenhum evangélico conseguiu catalisar tanta atenção da mídia em tão pouco tempo), o retorno do sequestrador à casa dos Abravanel deu ao episódio um enredo de folhetim com o qual as telenovelas globais já sonham há alguns anos.
O mês de setembro foi marcado pelos ataques a NY. Isso foi um alívio para a Globo, já que o aparato técnico-jornalístico lhes dá vantagem natural num evento como este. Entretanto, Sílvio guardava o uppercut para o final: a Casa dos Artistas, que se mostrou um “Show da Vida” muito mais interessante do que qualquer Fantástico. O resumo deste programa é um só: a Vênus Platinada apanhou mais do que gato em desenho animado.
Enfim, mesmo tendo deixado alguns eventos pontuais de fora (Show do Milhão dos Políticos, a biografia do Sílvio, etc.), dá pra ver que o ano foi do homem e ninguém tasca. Nao sei como será 2002, mas que 2001 foi divertido para quem precisava ver a emissora Mickey Mouse (a amiga do guarda), que foi cabo eleitoral do Collor e de tantos outros, enfim, a arrogante Rede Globo tomar uns cascudos (de quem quer que seja) pra variar, ah, isso foi…