Já nos anos 80 Angeli abria os olhos da petizada (na impagável sessão de cartas da Chiclete com Banana) para o fato de que a apologia às “drogas”, independente de ser correta ou não, já era algo extremamente esgotado e sem sentido, e que o assunto fora tratado à exaustão nos anos 60 e 70.
Hoje em dia o debate evoluiu. Pode-se ver isto quando o tema maconha é tratado na mídia (chegando ao ponto de se falar em uso medicinal e questionar sua posição em relação ao álcool na “escala” dos entorpecentes), mas dificilmente encontra-se alguém que queira abrir o debate sobre as drogas mais pesadas (exceto, claro, os direitões truculentos de plantão, quando pedem urugência para repressão policial ao “tóchico”).
Neste contexto, a entrevista com o bioquímico Alexander Shulgin, do sempre excelente site no., produz um constraste muito bacana. O curioso é pensar que o homem trabalha pros “dois lados”: analisa drogas para o governo americano em processos que envolvem o tráfico, mas a licença especial que este tipo de pesquisa exige lhe dá liberdade para pesquisar e uma certa imunidade informal na “guerra” contra o tráfico. O assunto é pano pra manga, mas um cara que ganha a confiança do governo americano e de Timothy Leary ao mesmo tempo é, no mínimo, digno de atenção…