Sei que é quase chavão afirmar que brasileiro só é patriota em copa do mundo, mas tem horas que o apoio popular aos brasileiros que realmente defendem os interesses da nação (ou mesmo da humanidade) faz muita falta. É o caso do embaixador José Maurício Bustani, que ocupa a secretaria executiva da OPAQ, uma entidade que busca a diminuição das armas químicas no mundo todo.
Eleito (e re-eleito) por voto direto e unânime dos representantes de mais de 140 países, Bustani tem sido extremamente eficiente no seu papel, o que é confirmado pela redução global na produção e armazenamento destas armas nos últimos anos. Apesar disto, os EUA pedem o afastamento de Bustani, sem quaisquer argumentos consistentes.
O motivo real: Bustani está conduzindo as negociações para a retomada das inspeções no Iraque. Isto prejudica os esforços da máquina de propaganda americana de pintar uma imagem de intransigência no país e justificar uma invasão. É bom lembrar que uma ação militar no Iraque não resolveria nenhum problema, seja do Oriente Médio ou do Ocidente, e só servindo para justificar a atitude belicosa administração Bush, já vista por muitos como um dos fatores que causaram o atentado de 11 de Setembro.
Felizmente o Itamaraty parece estar reagindo a favor do embaixador. Resta saber se os países que integram a organização irão ter o bom-senso de refrear os ânimos do cowboy republicano quando o assunto for a voto (as perspectivas são animadoras, mas na hora “H” nunca se sabe).
O chato mesmo é pensar que até Romário teve mais apoio brasileiro lá fora (tanto do povo quanto do presidente) do que Bustani, mesmo considerando que o baixinho incentiva muito mais a discórdia do que a paz…