Ainda na onda de dar um tempinho dos filmes do circuito, fui ver e recomendo:
Jalla! Jalla! – Quando alguém diz “filme sueco” acontecem duas reações: a velha guarda pensa “filme de sacanagem” e o pessoal mais novo imagina “putz, filme intelectualóide”. Jalla! Jalla! não é nem uma coisa nem outra. O tema (um casamento arranjado à revelia) pode sugerir o dramalhão choroso sobre o triste amor da menina, mas o foco é no cara – e no lado comédia de algo assim acontecer com alguém como eu e você. Em paralelo, o filme cria situações engraçadas em torno de um problema sexual do amigo do noivo, sem qualquer apelação desnecessária. Dá pra levar o namorado(a) numa boa, mesmo que ele(a) esteja mais a fim de ver historinha de namorico com a Julia Roberts e o Richard Gere – todo mundo sai feliz do cinema.
Uma Onda no Ar – Uma opção menos gangsta que o já comentado Cidade de Deus para quem quer conferir a tal retomada do cinema brasileiro. Embora também seja ambientado na favela, baseado em história real, etc, etc, o tema central do filme é a montagem de uma rádio comunitária, e não a indefectível dobradinha tráfico/miséria. Claro que o cenário influencia – mas o filme não se perde nele, tornando a digestão muito mais agradável. Fora que os gringos vão descobrir que existe favela fora do Rio de Janeiro (mais ainda: que existe Brasil fora os morros do Rio e a floresta na Amazônia), o que já vale o ingresso pra eles.
Agora que falei dos filmes, um pequeno desabafo: estou de saco cheio de ouvir diálogos como o que se segue (literalmente transcrito de um papo que ouvi sobre filmes em cartaz):
- E Cidade de Deus, hein?
- Ah, eu acho esse filme muito violento.
- É mesmo? Eu estava pensando em ver.
- Sei lá, tem cenas muito fortes, não achei nada legal.
- Credo, mas você viu isso no filme ou no trailer?
- Não vi nem um nem outro, eu não gosto de filme assim.
Eu já fico fulo com gente que se acha mais capacitada que todos os diretores, autores, governantes, engenheiros e médicos do planeta para dizer como qualquer coisa deve funcionar, mas comentar as cenas violentas do filme sem ter assistido é demais. E quando digo que fui ver o filme, eu é que sou tido como “arrogante” por “ficar gastando tempo e dinheiro com esses filmes ruins só pra dizer que é inteligente”…