Um dos fatores de sucesso dos computadores de mão é o sistema de reconhecimento de escrita. E isso demorou para surgir porque as pessoas têm caligrafias muito diferentes, e interpretá-las é uma tarefa complexa, mesmo para um computador de mesa. O Newton conseguia um resultado até que louvável nisto, mas à custa de tamanho e preço que o tornaram inviável como computador de mão.
A sacada dos caras da Palm foi justamente perceber que o cérebro humano consegue lidar com essas coisas muito melhor que as CPUs. Assim, eles inverteram o jogo: ao invés do computador de mão tentar entender todas as caligrafias, eles bolaram uma caligrafia cujos símbolos lembravam bastante um alfabeto de letra de fôrma, cuidadosamente planejados para que o software não confundisse um com outro.
Com alguns minutos de prática, uma pessoa aprendia a escrever neste alfabeto, e o computador de mão ficava quase tão confortável quanto um bloco de notas. As agendas da Palm usavam este sistema, batizado de Grafitti, e ele foi uma das coisas que me convenceu a comprar um Palm Pilot em 1998. Usuários de agendas com Windows CE (o antigo Pocket PC) tinham que se conformar com o Jot, cujos fabricantes alegavam ser mais parecido com a escrita natural, e, por isso, mais fácil de aprender – mas quem usava os dois geralmente achava o Jot mais sujeito a erros de reconhecimento.
Infelizmente, o Grafitti violava algumas patentes da Xerox, e eles não entraram em acordo com a Palm (vai ver os caras ficaram meio melindrosos depois que a Microsoft e a Apple fizeram fortunas com as GUIs, que nasceram nos laboratórios da Xerox sem lhes render um centavo). Como resultado, os Palms fabricados a partir de 2003 não vinham mais com o Grafitti, e sim com o malfadado Jot, rebatizado de “Grafitti 2″.
Cansado de apanhar de um sistema inferior (hoje tenho um Tungsten E), procurei alternativas na Internet, e descobri que é possível instalar o Grafitti original em Palms novos. Existem dúzias de sites ensinando a fazer isso, mas todos eles envolvem baixar dois arquivos de um Palm antigo (que eu não tenho mais).
Felizmente, este link (alternativo) contém os dois arquivos – não sei o que a Palm pensa disso, mas para mim é “fair use” (ainda mais para quem já pagou no passado por um Palm com o Grafitti original).
Leia as instruções antes de instalar: o procedimento é simples, mas se você sair simplesmente instalando, corre o risco de travar o Palm. Fazendo direitinho, o brinquedo volta a entender a caligrafia que nunca deveria ter abandonado.