Não vou negar: sempre tive um pé atrás com o natal.
Quando vejo o povo atarantado entre compras e preparativos, só consigo pensar nos excluídos que não têm razão, companhia ou (principalmente) condições para comemorar. Não, não sofri destes males (apesar do baixo IDH da Vila Ema, fui criado a leite com pêra e ovomaltino na geladeira), mas desenvolvi um certo preconceito contra a data (superficialmente fundamentado por clássicos de esquerda e sacramentado por punk rock dos anos 80).
Foi preciso que a Professora Rita mais uma vez (ela faz isso desde os anos 90) torcesse o meu nariz na direção do óbvio: a gente pode ser parte do problema ou da solução. E ela o fez apontando o Programa Papai Noel dos Correios, que permite a qualquer pessoa colaborar objetivamente na redução do abismo entre as crianças que acreditam no Papai Noel e aquelas que são atendidas por ele.
O projeto surgiu por conta das inúmeras cartas que são efetivamente postadas para o Papai Noel – que os funcionários do correio procuravam ao menos responder. A instituição oficializou e expandiu o procedimento, permitindo que o público em geral não apenas ajude a responder às cartas, mas também a realizar o sonho de natal de algumas destas crianças.
É totalmente sem burocracia: você chega no posto e pode ler as cartas à vontade (sempre com um funcionário dos correios de prontidão para orientar). Se você resolver “adotar” uma, só tem que deixar o nome e telefone e anotar os dados. Aí você compra/prepara o presente e leva pra eles de volta (devidamente embalado e endereçado). O envio para a criança é por conta dos correios.
Fácil, rápido, gratificante e muito mais saudável que ficar reclamando que as pessoas esqueceram o verdadeiro sentido do Natal.