Idiocracy já vale pela introdução, que compara a árvore genealógica de um casal de indivíduos inteligentes (praticantes do planejamento familiar) com a de um par mais obtuso (que se reproduz como coelhos). A idéia é que, à medida em que a raça humana não está mais sujeita a predadores naturais, a evolução favorece este último perfil.
Posto isso, imagine o que acontece quando Joe, um cidadão absolutamente mediano, é congelado nos nossos dias e acorda nos EUA de 2500 – uma nação na qual o programa de TV mais popular é o Ow My Balls e os serviços públicos se deterioram porque ninguém sabe mais como funciona nada – e ninguém liga.
O filme narra as desventuras de Joe enquanto sua situação pública oscila entre aberração (imagine o mundo como uma grande 5a. série, com um único CDF) e salvador (afinal, ele é a pessoa mais inteligente que existe). O tom é bem-humorado, embora a mensagem seja assustadoramente séria – com direito até a pitadas de filosofia (conjecturando, por exemplo, se alguém como Einstein teria visto o mundo em sua época como Joe o vê em 2500).
O filme é do Mike Judge, mesmo diretor de Como Enouquecer Seu Chefe (Office Space), e divide com o predecessor um forte clima de identificação, o humor campeão, e o fato de praticamente não ter sido exibido no cinema (talvez pelo risco de uma parecela significativa do público se identificar não com o protagonista, mas com os americanos de 2500). Mas deve sair o DVD em breve (quem não puder esperar terá que contar com alternativas).