Uma das coisas bacanas que eu fiz quando estive</a> em Joanesburgo (fotos) foi percorrer o circuito dos bares-com-jeito-de-casa-noturna na 7th Street, em Melville. Os universitários são os maiores frequentadores, garantindo a diversidade étnica/musical/etílica e mantendo os preços acessíveis (meu favorito foi o Ratz, mas vale fazer o circuito – você só paga o que consumir em cada um).
Foi nessa vizinhança que eu ouvi um estilo de música bem peculiar: parecia um pouco com dance music dos anos 80/90, mas carregava nos nos refrões, temperando o inglês com doses generosas dos idiomas locais. Era o Kwaito, um dos gêneros mais representativos da geração de sul-africanos que começou na música depois do apartheid – particularmente dos jovens negros e mestiços que celebravam a liberdade conquistada pela geração anterior, mas ao mesmo tempo tinham que lidar com a herança socioeconômica desfavorável que acompanhou este legado.
O cenário lembra um pouco as origens do hip-hop americano, mas a música puxa um pouco mais para um mashup de House Music e outros gêneros assemelhados (que chegaram um pouco atrasados lá por conta do isolamento resultante do apartheid). É difícil achar na rede (de vez em quando nomes de artistas como Zola, Oskido e Mzekezeke – ou mesmo o termo Kwaito – dão resultado no blip.fm ou YouTube, mas é pouca coisa), e a minha compra de CDs (um lance legal, já que o nariz torcido das gravadoras faz com que boa parte saia por selos alternativos e reverta a grana para os músicos mesmo) falhou por um problema técnico de cartão de crédito.
Mas nem tudo está perdido: quem se interessar pode ouvir The Kwaito Generation: Inside Out, um audio-documentário de 50 minutos no qual o americano Sean Cole entrevista artistas e fãs do cenário local, dando um panorama do que é realmente o Kwaito, e como ele se configura como algo além de um gênero musical – é um estilo de vida para eles. Dá pra ouvir o documentário todo no site (pena que não dá pra baixar), e é boa pedida para quem quer se aventurar um pouco nesse gueto musical.