Fiz o comentário no Twitter, mas o ponto é tão importante que vale a pena estender aqui: na semana passada dei uma entrevista no programa Olhar Digital, e surgiu a pergunta que aspirantes e programadores iniciantes sempre me fazem: “qual a primeira/próxima linguagem que eu devo aprender?”
Os veteranos costumam responder a essa pergunta vendendo suas linguagens prediletas em detrimento de outras, usando argumentos como tipagem, clareza, simplicidade, performance e tantos outros que nem sempre são tão objetivos quanto aparentam.
No entanto, a resposta que eu costumo dar (e que, por distração, não usei no programa) é “inglês”.
Pode parecer que falo isso porque trabalho com muitas empresas/pessoas de fora, mas não é verdade: o campo está em constante atualização, e as novidades relevantes quase sempre começam neste idioma, independente do país de origem.
Não ler inglês é ter que esperar pelas traduções; não escrever inglês é não participar. Pouco importa se você quer colaborar ou apenas consultar, os assuntos mais “enroscados” vão exigir alguma familiaridade com este idioma.
Sim, existem muitos livros traduzidos. Eu mesmo uso bastante (o custo e disponibilidade são um fator importante), mas a qualidade da tradução varia a ponto de tornar algumas passagens ininteligíveis para quem não tem como deduzir a intenção do autor.
Não estou falando (só) daqueles falsos cognatos que fazem doer a vista – um problema comum é a tradução livre de termos técnicos e expressões para formas que ninguém usa, muitas vezes a ponto de tornar a frase incompreensível – se eu dissesse que trabalho com logiciário, pouca gente ia se animar a falar de tecnologia comigo.
Resumindo, galera: antes de entrar nos ponteiros e closures, vamos para o básico: I am, you are, he is…
Comments
Mario Rinaldi
Brilhante!!! :)
Fernando Ferreira ( O velho )
Meu caro chester , tenho 50 anos ( dai "O velho" ) e estou começando uma nova carreira a de programador. Ao contrário de quem começa , não procuro nem fama nem fortuna...procuro conhecimeto e satisfação pessoal. Tenho estabilidade profissional e econômica , portanto não concorro com nenhum jovem no mercado de trabalho....sou simplesmente.....um apaixonado por tecnologia e por informação.
Tenho em vc uma espécie de referêncial , portanto de solicito o passo a passo para quem deseja ingressar nesta carreira de uma modo bem elucidadito. Te agradeço a sua colaboração e me ponho a sua disposição para ajudá-lo no que for preciso.
SDS
Adriano Meirinho
A linguagem mais importante para um programador é a lógica e a facilidade em comunicar-se! Ótimo blog!
Chester
Adriano: sim, a lógica e a comunicação estão mais interligadas do que se pode supor num olhar superficial, muito bem colocado, obrigado pelo comentário.
Chester
Aproveito para reproduzir a resposta que eu mandei por email para o Fernando, que pode ser útil para outros interessados:
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Eu, pessoalmente, acredito muito na satisfação pessoal que pode ser derivada da arte de programar. Muita gente no mercado trata a programação como "a vida profissional" e se mantém alheia. É uma opção, mas não é o meu caso: eu só optei por fazer disso minha carreira porque vi aí a oportunidade de fazer o que eu gosto na maior parte do tempo - tanto que não é incomum eu tocar projetos paralelos (ex.: http://chester.me/archives/... )
Desta forma, desejo muita sorte nessa nova empreitada. Hoje o que eu recomendo para quem tem tempo disponível (sem pressões mercadológicas) é o envolvimento com o universo do software livre. Tem muitos projetos bacanas no ar - o melhor jeito de escolher é começar a usar esses softwares (um ponto de partida é adotar um sistema operacional livre, tal como o Ubuntu/Linux) e ver aqueles com os quais você se identifica.
A colaboração típica costuma ir mais ou menos nessa ordem:
- Ser usuário do software (familiarizando-se com seus objetivos e funcionamento);
- Assinar as listas de usuários/desenvolvedores (para saber quem são as pessoas que já estão desenvolvendo, acompanhar o processo delas)
- Reportar bugs / features que seriam interessantes (ajuda a mostrar para a comunidade que você está disposto a colaborar e a ver como funciona esse processo);
- Ajudar a documentar/traduzir (é uma maneira eficiente de se expor aos features do software sem "riscos", e acaba te dando acesso aos desenvolvedores, que estão sempre atrasados nessas tarefas);
- Voluntariar-se para corrigir algum bug / implementar alguma feature em aberto - a essa altura você já vai estar familiarizado e será conhecido pelos mantendores, não tendo problemas para iniciar.
Não é uma sequência obrigatória, mas esse é o caso geral que qualquer desenvolvedor de software livre que tenha participado de projetos coletivos vai te recomendar.
Um outro caminho é fazer seus próprios projetos. É mais difícil para quem está começando, mas, por outro lado, você tem liberdade total - inclusive para escolher linguagem e plataforma. Áreas que eu recomendo aí são a criação de jogos e serviços web (já que dá pra tocar por conta).
Boa sorte!
Ronald Bulbow
Chester,
Obrigado por compartilhar o seu comentário no blog.
Gostei da entrevista para o 'Olhar Digital' e também do complemento (do meu ponto de vista, mais do que necessário).
Sucesso pra você e um abraço!
Ronald Bulbow
Faltou uma coisinha no meu comentário...
"(do meu ponto de vista, mais do que necessário a leitura)".
Obrigado!
Chester
Ronald, fico feliz que tenha gostado. Um ótimo 2013, abraço!
Raul
blog do chester trabalhar com imagem de quadrinho deve ser muito divertido, e ter pés no chão por que depende de voce para animar as pessoas, ha e valeu pelas dicas