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Urban Fact (Fato Urbano) / RHoK #1 SP

07 Jun 2010

O Random Hacks of Kindness (RHoK) reuniu programadores em vários locais do mundo simultaneamente ao longo do último fim-de-semana, com o objetivo de desenvolver ferramentas que possam ajudar a lidar com os desafios gerados pelo risco de desastres naturais.

O esforço foi patrocinado e liderado por gente do Google, Yahoo!, Microsoft, NASA e do Banco Mundial, e eu não só tive a oportunidade de participar da primeira edição de São Paulo, que aconteceu aqui na Fundação Getúlio Vargas (FGV), mas também tive a alegria de ter o projeto do meu grupo, o Urban Fact, premiado com o segundo lugar.

O evento abriu com apresentações de especialistas nos setores de engenharia, arquitetura e urbanismo – pessoas que lidam com esses problemas no dia-a-dia, e em seguida os programadores foram liberados para formar grupos e propor/desenvolver idéias. No final os projetos foram avaliados por um júri, havendo premiações para o primeiro e segundo lugar – embora o importante mesmo (em particular, o que me levou a pular o descanso e a Parada do Orgulho LGBT no fim-de-semana) fosse fomentar essas idéias, divulgar a iniciativa e ajudar a colocar em contato pessoas que têm sintonia com a idéia de usar o software e a Internet como ferramentas de apoio ao exercício da cidadania.

O merecidíssimo vencedor foi o Shelter Me – um software que permite o cadastro voluntário de abrigos (shelters) disponíveis em situações de emergência – desde um abrigo da prefeitura até um canto que você possa oferecer na sua casa durante uma crise. O diferencial é que o sistema permite que uma pessoa envie um SMS e receba, como resposta, o endereço do abrigo mais próximo.

Tradicionalmente, um sistema desses exigiria o apoio da operadora de telefonia no rastreamento da posição do aparelho e um servidor dedicado, mas a criatividade do pessoal superou isso: o protótipo apresentado solicita o CEP do local para fazer a busca, e foi implementado diretamente num celular Android (que já faz o rastreio no servidor e envia a resposta). Genial.

O segundo lugar ficou com o projeto apresentado pelo meu grupo (eu, o Marcos Diez, o Daniel Cukier e a Bani – esta última foi quem me apresentou ao evento): o Urban Fact (ou Fato Urbano, já que ele é bilíngue, detectando o idioma do navegador). A inspiração surgiu quando uma das palestrantes salientou a influência das atitudes individuais na solução (ou criação) dos problemas – os assuntos ali eram enchentes e ocupações irregulares, mas o conceito é geral.

Pensando no efeito educativo que o auê online causa em casos como quando o cachorro de uma moça fez cocô no metrô sul-coreano, imaginei que se tivesse uma maneira fácil de mostrar as coisas erradas que acontecem (por exemplo: quando as pessoas jogam lixo na rua, fomentando problemas como algamentos, ou quando danificam patrimônio público), esse tipo de atitude poderia ser coibida.

O grupo evoluiu o conceito: boas atitudes também poderiam ser colocadas em evidência, já que o reforço positivo opera milagres. O importante é dar ao cidadão que testemunha o fato a possibilidade de capturar e compartilhar o mesmo de forma simples. Entra em cena o Twitter: o sistema monitora os tweets com as tags #urbanfact e #fatourbano que tenham links para fotos. Esses tweets podem ser vistos na forma de lista ou mapa, e cada um deles pode ganhar nota, receber comentários e ter isso tudo redistribuído em outras redes sociais.

Fugimos um pouco do foco em desastres naturais, mas ainda ficamos dentro do conceito de cidadania e de captura e divulgação da informação sobre problemas urbanos em tempo real. A principal limitação é que ainda são poucas as pessoas que usam o Twitter no celular – situação que deve mudar em breve.

Além disso, essa versão ainda precisa ser bastante melhorada antes de ser considerada “produção” (é um hack desenvolvido do zero em menos de 16h). Mas demonstra bem o espírito do evento: viabilizar, de forma rápida e focada, idéias e soluções melhoráveis e reutilizáveis (o código é 100% aberto).

Os outros projetos (de São Paulo e das outras cidades onde o evento ocorreu) podem ser conferidos no wiki. A organização mandou muito bem em termos de infra-estrutura e alimentação. Não houve a “virada” do sábado para o domingo, comum em eventos desse tipo – mas a natureza local das edições pressupõe participantes na mesma cidade, então o pessoal voltou no dia seguinte e tudo correu bem.

Nesse sentido, talvez edições futuras possam privilegiar outras cidades – muitas vezes mais próximas de alguns dos problemas que os fundadores se propõem a resolver – mas se voltar a acontecer em São Paulo não vou reclamar!

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