Depois de ter curtido tanto as entrevistas com os fundadores das startups mais famosas no Founders At Work, eu esperava que o Coders at Work – fosse ser ainda mais bacana. Afinal, a lista de entrevistados é diversificada e impressionante: vai de gente mais “próxima” como os criadores do memcached, JavaScript e JSON até decanos como Fran Allen e Donald Knuth, cujos méritos acadêmicos e na indústria tornam desnecessárias quaisquer apresentações.
O livro foca no dia-a-dia dessas pessoas, em particular no momento em que estão criando código. Isso até é interessante: saber se um ninja desses depura código com um debugger ou com printf, quanto ele pensa antes de sair codando, se ele implementa código de forma top-down ou bottom-up e a visão deles de como o desenvolvimento de software evoluiu (ou não) nos dias de hoje sem dúvida dá uma nova perspectiva para o meu cotidiano.
Infelizmente, isso não impede que os capítulos se tornem repetitivos e maçantes ao longo do tempo – ao contrário do Founders, no qual cada entrevistado leva a reportagem para um lado diferente (e sempre interessante). Não sei se o quanto isso influenciou, mas o entrevistador, embora autor de um livro popular sobre Common Lisp e um dos primeiros funcionários da WebLogic, não é personagem de destaque no meio. Em contrapartida, a cicerone do Founders é co-fundadora do Y Combinator – uma credencial e tanto para quem quer falar de startups.
O Julio Daio Borges afirma em um review bacana do livro que “…a maioria dos programadores no livro são, basicamente, executores. Visionários são os empreendedores.” Não concordo plenamente com a afirmação – poucos ali são empresários, mas cada um deles empreendeu e inovou no seu campo – mas ela evidencia o fato: o livro anterior foca nesse lado empreendedor, este no lado pragmático/coder. Eu curto as duas coisas, mas em projetos editoriais desse porte, a primeira vai mais longe.