Se você cresceu nos anos 80, existe uma boa chance de ter assistido à Turma do Lambe-Lambe ou a algum outro programa estrelado pelo Daniel Azulay, o desenhista, músico e professor de arte que apresentou o mundo mágico da expressão artística a tantas crianças nesta e em outras épocas. Ele morava quietinho num lugar muito especial das minhas memórias (e eu também sabia que ele mantém uma oficina de desenho no Rio), até que o Ricbit veio com a bomba: o Azulay daria uma oficina de arte digital no final-de-semana, bem aqui em São Paulo!
O problema é que não apenas as inscrições estavam esgotadas, mas no sábado eu estaria dando duas palestras na Campus Party. Mas valeria a pena aparecer no domingo, nem que fosse só para apertar a mão da pessoa responsável por tantas tardes agradáveis da minha infância. E o Ricbit deu um estímulo extra: como ele não mora mais em São Paulo, me mandou pelo correio um livro ilustrado para que ele pudesse autografar.
A Bani topou a empreitada e lá fomos nós até o SESC Santo Amaro. Não é exatamente perto de casa, mas tem o acesso facilitado por conta da linha Lilás do Metrô. Dica: a Estação Largo 13 tem uma saída direta para o Mais Shopping Largo 13. Atravessando este último, você sai na Amador Bueno, já quase do lado do SESC – cujas atrações merecem uma visita mais calma. Mas o foco neste dia era o Azulay.
Por sorte, haviam lugares disponíveis no fundo. Pudemos assistir e constatar que ele é tão simpático ao vivo em 2012 quanto na TV trinta anos antes. Ao mesmo tempo, apreciávamos vários trabalhos de ilustração em diversos estilos, cada um com uma história e uma técnica para ensinar. O melhor de tudo é como ele consegue mostrar que a capacidade de desenhar está em todos nós, e que os bloqueios e o medo de experimentar estão muito mais ligados à perda do ímpeto infantil do que a qualquer risco real. É muito difícil não se deixar tocar pelo discurso sincero, ainda mais proferido por alguém que, mais do que falar, transpira essa idéia.
No final eu tomei coragem para ir lá e agradecer a ele pela inspiração – tanto a que ele me trouxe nos anos 80, quanto a que eu acabava de receber. E não era o único: outras pessoas na casa dos trinta e tantos estavam lá com a mesma emoção, numa mistura gostosa de volta à infância e inspiração para a vida adulta. E, claro, levei o livro, que o próprio Daniel Azulay qualificou empolgado como “raridade”. E mesmo depois de um workshop longo, ele gentilmente se prontificar a autografar, além de tirar fotos com todo mundo que pediu!
Enfim, o que mais eu poderia dizer? Os organizadores do SESC ficaram contentes com o resultado, bem como os participantes – particularmente as crianças. Isso parece mostrar que não é preciso ter aquele saudosismo ludita besta, que alimenta delírios populares acerca da superioridade de um pião sobre o Playstation (idéia que nenhuma criança saudável confirma, exceto quando percebe o efeito positivo da mesma sobre os pais). O importante, no final, é colocar a cabeça pra funcionar, independente da tecnologia usada. E nisso Daniel Azulay é mestre, seja com o pincel (mágico ou não), seja com o mouse/tablet.
Comments
Cristiano Bertoni
Caramba, como eu gostava desse cara !
Bem legal o post, chester.
[]'s
chester
Pois é, eu também. Precisei de concentração para segurar a lagriminha na hora de falar com ele... :-) Tks!