Se o Laerte é o mais sofisticado dos quadrinhistas nacionais, o Angeli é de longe o que mais me influenciou. Quase tudo o que eu lia/ouvia no final dos anos 80 vinha pela Chiclete com Banana, e sua crítica social e de costumes me mostrou um mundo bem maior que a vidinha católico-suburbana que me cercava. Uma visita à exposição exclusiva do autor era mais do que obrigatória!
O local não poderia ser mais apropriado: a Avenida Paulista simboliza bem a metrópole onde viveriam um Bob Cuspe ou uma Rê Bordosa. A exposição fica em um espaço escuro, reproduzindo a realidade do Angeli, que (dizem) chega a ficar vinte horas num dia “trancado” no estúdio, desenhando. Tem até uma maquete:
O principal elemento são as tiras e cartuns, expostos em murais, gaveteiros e até em uma geladeira. Dá pra passar um bom tempo (re-)lendo e observando detalhes que se perdem no papel-jornal. Tambem curti a reprodução do clássico cenário de janela em uma janela real, e a recriação de discos de vinil com capas do autor – quem só vê álbuns no Cover Flow precisa experimentar a sensação das “bolachas”.
Na área “reservada para maiores” (decorada com iluminação e textura sugestivas) destacam-se dois painéis enormes, uma maquete da morte da Rê Bordosa (que, como a mencionada acima, é do curta Dossiê Rê Bordosa) e cópias ampliadas das fotonovelas da Chiclete.
Painéis com capas da revista e fotos do autor encerram a exposição, que deve agradar a qualquer fã. A popularidade do Angeli é confirmada pela lotação no fim-de-semana. A dica é ir durante a semana – salvo excursões-relâmpago escolares, é bem tranquilo.