Ainda estou impressionado com este mangá, lançado pela Opera Graphica. Logo nas primeiras páginas, a primeira coisa que me veio à mente quando li foi Akira, de Katsuhiro Otomo. Não que um tenha se baseado no outro, mas ambos navegam com habilidade no perigoso terreno da “influência ocidental”, tanto na temática bladerunneriana quanto no ritmo e na arte mais “orgânica”, que se distancia do desenho “cartunesco” característico do mangá.
Se isso não bastar para atrair os não-viciados no gênero nipônico, também ajuda o fato de não ser uma edição “invertida”, i.e., a ordem de leitura das páginas é da esquerda para a direita (ao contrário de 99% dos mangás recentemente lançados no Brasil, que preservam as onomatopéias e a ordem de leitura originais, num misto de preciosismo e economia de custos).
Além disso, embora não seja a história completa de Alita, o volume de 260 páginas é, como diz a capa, uma saga completa. Isso faz uma diferença para os leitores escaldados com as sagas quilométricas do quadrinho japonês (ou mesmo com as histórias norte-americanas que nunca acabam).
E olha que eu ainda nem falei da história em si, que é muito bacana. A temática não é exatamente inédita: a sociedade é dividida entre duas castas – a privilegiada, que mora nas “cidades altas”, e outra, marginalizada, que vive em cidades como Scrap Yard, onde se passa a ação deste volume. Estes últimos dependem muito dos detritos orgânicos e tecnológicos abandonados pela casta superior, e entre eles existem não apenas humanos, mas também andróides como Alita, que… ah, tire os R$ 6,50 do bolso e descubra sozinho. Você não vai se arrepender.