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Chester em Curitiba

01 Mar 2011

Mais uma vez apelei para o velho truque de transformar o transtorno de voltar de uma viagem a trabalho numa sexta-feira em um passeio de final de semana de baixo custo. Os curitibanos se orgulham de morar em uma cidade que alia qualidade de vida a comodidades urbanas, e resolvi passar o sábado conferindo, aproveitando as dicas da Bani, que sempre tem um mapinha turístico no fundo do armário.

Jardim Botânico em Curitiba

Fiquei no Hotel Confiance, que oferece um ótimo custo/benefício, destacando a internet sem fio de qualidade e o café da manhã amigável a vegetarianos. Um despretensioso folheto no quarto listava os restaurantes próximos por tipo de culinária e dava dicas de como chegar em lugares-chave, tais como a parada do Aeroporto Executivo, um transporte rápido (~30min), confortável (ar condicionado, poltronas espaçosas) e barato (R$ 8) até o Afonso Pena. Excelente alternativa ao táxi.

A mesma parada (na Rua 24 Horas) permite pegar a Linha Turismo, que facilita o passeio. São ônibus de dois andares – sendo que o de cima fica aberto quando o tempo está bom – num trajeto que cobre cerca de vinte e cinco pontos turísticos. Por R$ 20 (pagos diretamente no ônibus) você tem direito a 4 reembarques – o que permite visitar até seis locais se você coordenar a chegada e a saída com locais próximos ao hotel e/ou aeroporto.

Comecei pelo o Jardim Botânico, que é um dos mais populares (há quem passe o dia todo relaxando lá) e segui para a Ópera de Arame. Esta é um teatro/casa de shows bonito, e um exemplo interessante de reaproveitamento de espaço (era uma pedreira ou algo assim), mas deve ser bem mais interessante com um show rolando.

O terceiro ponto foi o Bosque do Alemão. Nele, o desembarque é em local diferente do embarque, e isso tem um motivo: após passar pelo Oratório de Bach e pela Torre dos Filósofos (que não impressionam muito) você desce uma escada de madeira e vai parar em uma trilha. Trata-se de um passeio temático baseado na história de João e Maria, contada através de ilustrações sobre azulejos! No meio do caminho (e da história) aparece a Casa da Bruxa – uma biblioteca infantil na qual eu passaria umas horinhas facilmente. Alguns azulejos estão faltando, mas isso não tira o brilho do passeio.

Fechei o turismo com a Torre Panorâmica – uma torre de telefonia adaptada para oferecer uma vista de vários pontos da cidade, por apenas R$ 3. É uma pena que o elevador suporta apenas meia dúzia de pessoas por vez, gerando uma grande fila. Eles pegaram emprestado um truque da Disney: a primeira parte da fila (quando você compra o ingresso) é adornada por uma exposição de telecom que mostra mesas de operação e aparelhos antigos – se tivesse o mesmo na fila do elevador seria perfeito.

O chato é que o ônibus que teoricamente passa a cada meia hora atrasou um bocado na segunda e na quarta parada, inviabilizando a visita ao Museu Ferroviário e me fazendo perder o jantar e o vôo – ainda bem que tinha outro logo em seguida. Uma pena, já que este jantar teria sido muito facilitado pelas dicas do @anderson_santos (via @van_vegan) – em particular a lista de lugares vegetarianos em Curitiba feita pela @mayraccastro. Com ela estarei mais preparado na próxima, e agradeço a todos pela solidariedade via Twitter – indispensável para um vegetariano em terra de churrascarias.

Eu repetiria o passeio facilmente – são muitos pontos, e realmente só dá pra ver uma meia dúzia ao longo de um dia. Numa próxima eu incluiria o bairro Santa Felicidade (que tive a oportunidade de conhecer através do gentil convite de um colega de lá), os outros bosques e museus. É bastante coisa pra ver e fotografar, garantindo um final de semana bacana, sozinho ou acompanhado.

The Amazing Adventures of Puny Parker

26 Jan 2011

Muito bacana esse The Amazing Adventures of Puny Parker, do Vitor Cafaggi. É um quadrinho fanfic absurdamente bem desenhado, colorido e finalizado que ilustra as hipotéticas aventuras de uma versão infantil daquele que se tornaria o Homem-Aranha. O resultado lembra um pouco Calvin e Haroldo, em termos de leveza e profundidade, mas tem sotaque próprio:

Pequeno Parker - clique para ver

(clique para ler)

Ah, ele faz todas as tiras em dois idiomas. Pessoalmente, gosto mais da versão em inglês:

Puny Parker - Clique para ler

(clique para ler)

Puny Parker - clique para ler

(clique para ler)

Puny Parker - clique para ler

(clique para ler)

Nem todas as tiras são coloridas, mas a arte é sempre excelente:

Puny Parker - clique para ler

(clique para ler)

Curiosamente, a própria Marvel já fez algo assim: algumas edições gringas de gibis do Homem-Aranha traziam Petey – The Adventures of Peter Parker Long Before He Became Spider-Man. Também é interessante (e eu me impressiono com o letreiramento fora do “esquema” Marvel), mas a verdade é que nem se compara ao trabalho do Cafaggi:

Petey

Navegar nos arquivos é meio trabalhoso, em particular nas tiras mais antigas, quando versões em inglês e português ficavam em posts separados. Mas vale a pena, e embora um dos filmes seja suficiente para ambientar o leitor, os fãs dos quadrinhos se divertem ainda mais com as referências mais sutis.

Campus Party Brasil 2011 (#cpbr4)

24 Jan 2011

Woz no cpbr4Esse ano eu passei menos tempo no Campus Party do que gostaria. Do pouco que vi, as coisas boas permanecem: você interage com muita gente (velhos conhecidos e sangue novo), aprende e ensina a toda hora, e – importante – se diverte um bocado. Algumas das ruins melhoraram, tais como a (quase) total erradicação das cornetas e vuvuzelas, que atrapalhavam as palestras acrescentando pouco ou nada ao evento.

Mas o principal problema do Centro Imigrantes permanece: o calor INFERNAL. Talvez seja o fato de estar ficando mais velho e reclamão a cada ano, mas simplesmente não vejo mais como ficar mais do que algumas horas em um lugar tão quente. O que seria necessário para dotar o ambiente de ar condicionado ou ventilação decente? Ou ainda: por que não fazer o Campus Party em Julho? Qualquer coisa vale, o que não rola é ficar suando em bicas.

A minha ida esse ano teve a ver com o pessoal da Vivo, que colocou bastante energia na melhoria e divulgação de sua plataforma de aplicativos. Com diferenciais como o suporte a vários sistemas (incluindo a “maioria silenciosa” dos celualres J2ME) e a monetização adicional baseada no envio/recebimento de SMS, eles lançaram um concurso com prêmio polpudo (R$ 15K + passagem pro Camps Party EUA) e anunciaram a união de forças com a BlueVia, aumentando o alcance potencial dos aplicativos para vários outros países.

Claro que com toda essa fanfarra eles não poderiam deixar de convidar pessoas para falar sobre desenvolvimento mobile, e eu fui uma delas. Com tanta gente abordando os aspectos técnicos e comerciais, optei por uma abordagem pragmática, e falei sobre as armadilhas que fazem com que nem sempre a gente consiga sair de uma idéia e chegar em um produto, mesmo tendo o lado técnico e o modelo de licenciamento/distribuição bem resolvidos. O pessoal gostou, e os slides estão aqui – se eu achar o vídeo, atualizo o post!

Não é possível deixar de mencionar a presença do Steve Wozniak, que literalmente parou o evento. Para mim teve um sabor especial, já que passei boa parte da infância e pré-adolescência desvendando os segredos do Apple ][ (e até hoje descubro coisas novas). Certa vez um amigo descreveu a emoção de ter visto a Mona Lisa pessoalmente – e acho que só compreendi o que ele dizia quando eu vi o Woz falando. No final formou-se uma fila para pegar autógrafo e fotografia dele, mas o calor e e a própria mensagem dele me fizeram declarar missão cumprida, guardar com carinho o passado e ir cuidar do futuro.

Revolution in the Valley: The Insanely Great Story of How the Mac Was Made

18 Jan 2011

Antes de se tornar objeto da admiração de uns e desinteresse/suspeita de outros, a Apple passou por três fases bem definidas: a “era de ouro” em que o Apple II e o Macintosh original foram criados; a queda em parafuso rumo à irrelevância; e a volta por cima. O papel evidente de Steve Jobs nas fases virtuosas alavanca o culto em torno de sua pessoa  a um ponto que fica difícil separar a verdade do mito, valorizando qualquer testemunho de quem esteve mais próximo.

Revolution in the Valley: The Insanely Great Story of How the Mac Was Made é um livro que reúne dúzias de histórias sobre o fim da primeira fase, isto é, sobre a criação do Macintosh. Boa parte delas veio do site Folklore.org: Macintosh Stories, organizado pelo autor – ninguém menos que Andy Hertzfeld, que escreveu boa parte do sistema operacional original do Mac.

Mesmo para quem (como eu) já tinha lido o site de alto a baixo, é bacana acompanhar as histórias revisadas, ampliadas e em ordem cronológica. As ilustrações também são um show à parte – só lamento que a coleção de polaroids mostrando a evolução da interface gráfica tenha sido publicada num tamanho tão minúsculo. Eu teria sacrificado algumas histórias ou aumentado o número de páginas, só para dar um pouco mais de zoom ali.

Ao contrário de revelações bombásticas, o livro corrobora muitos dos estereótipos ligados a diversas personalidades citadas – em particular ao próprio Steve Jobs, cujo perfeccionismo muitas vezes torna a convivência difícil, mas ao qual o autor atribui a direta responsabilidade por introduzir o computador que efetivamente deu início à era da informática para leigos.

Também é interessante observar os papéis significativos que “notórios desconhecidos” como Bill Atinkson (programador que criou, entre outras coisas, o QuickDraw, MacPaint e o HyperCard), Burrell Smith (projetista de hardware com a difícil missão de suceder o Woz) e Susan Kare (ilustradora cujo trabalho é admiravelmente abrangente) desempenharam neste processo. Quem gosta de micros antigos vai curtir muito esse livro.

OFF-TOPIC: Por falar em Woz, ele vai estar na Campus Party 2011 no sábado. E por falar nesta,** eu vou dar uma palestra** ao lado do Marcelo Castelo na manhã desta sexta-feira (21/Jan, às 11h), na área de Desenvolvimento (setor azul, lááá no canto). O tema é “Empreendedorismo em Aplicativos Mobile”, e eu pretendo trabalhar um pouco o lado do desenvolvedor nessa história toda. Vamos lá?

Sony Ericsson Xperia X10 Mini Pro – Avaliação

16 Jan 2011

Estou vendendo meu X10 Mini Pro (com o update 2.3 instalado)
clique na lojinha e veja mais detalhes

Passei dois anos com um iPhone, e uma das coisas que me incomodava era digitar nele. Fato: o melhor teclado virtual do universo é pior que o teclado físico mais vagabundo. Eu escrevo muito (basta me seguir no Twitter para conferir) e quem produz conteúdo “na estrada” precisa de teclas de verdade. É o motivo pelo qual eu não trocaria meu netbook por um tablet – e que me fez desencanar de um iPhone 4 quando o 2G se foi.

Juntando a isso o fato de já estar de olho no Android há pelo menos três anos, comecei a procurar aparelhos com este sistema cujo preço não superasse os três dígitos. Também era importante contornar outras limitações do iPhone: a falta do flash na câmera e o formato/tamanho. A busca terminou no Sony Ericsson Xperia X10 Mini Pro.

Desmontando o nome gigante: Xperia é a linha de smartphones high-end da Sony Ericsson, X10 foi o primeiro baseado em Android, Mini é a versão reduzida (com algumas características diferentes) e o Pro o Mini que ganhou o teclado retrátil.

O tão desejado teclado físico não decepciona: a Sony abriu mão das teclas numéricas superiores (que só fazem falta em ocasiões raras) em favor de um tamanho viável para digitar com os polegares – o resultado é bom se você tiver as duas mãos disponíveis e dedos não muito grandes. Também conta a favor o flash, aliado à câmera de 5 megapixel – um pouco sensível demais à vibração, mas no geral boa.

A autonomia da bateria depende do uso. O meu caso é bem intensivo: vou para o trabalho ouvindo podcasts, assistindo seriados (dica: converta os arquivos usando o HandBrake com o preset “iPod” – a resolução QVGA é a mesma, e o formato resultante é suportado nativamente), uso o Twitter (geralmente com o Seesmic e agora experimentando o twicca – a app oficial não me caiu bem), faço checkins e reviews no Apontador Local e jogo bastante. No geral, uma carga por dia é suficiente para tudo isso, mas eventualmente alguma app menos comportada fica em background detonando a bateria. Entra em cena o Advanced Task Killer, que com um toque mata o que quer que esteja rodando em segundo plano.

Jogos, aliás, são o aspecto em que o iOS ainda dá mesa, mas os mais populares (ex.: Angry Birds) começam a surgir no Android. Os puzzles são numerosos (atualmente me divirto com o Andoku e o Bubble Blast) e uma área de destaque são os emuladores, praticamente impossíveis no iOS devido às políticas draconianas. Me divirto com jogos de Atari no Ataroid, de Spectrum no Marvin e ZX81 no Zed Ex – este último do brasileiro Claudio Matsuoka. E muito em breve vai ter miniTruco pra ele também!*

Um dos pontos negativos são as customizações desnecessárias no Android e as demos de software não-removíveis. As primeiras a gente troca (por exemplo, troquei o lançador de apps pelo HelixLauncher), e com o resto o jeito é conviver. Mas o ponto que realmente complica é a política da Sony Ericsson com updates: eles demoraram uma vida para disponibilizar o Android 2.1 (só pintou no final do ano passado), e anunciaram de forma deselegante (e mal-justificada) que não vão mais fazer updates nos Xperia.

Com essa atitude eles deixam na mão quem acreditou neles, coincidentemente no exato momento em que estão lançando uma nova linha de smartphones Android. Não fosse isso, eu recomendaria a compra sem reservas – é um ótimo aparelho – mas enquanto não rolar um firmware alternativo, eu volto ao boicote anti-Sony iniciado por conta dos rootkits e formatos incompatíveis.

  • (ok, já tem uma versão beta, mas ainda está um pouco instável – quando estiver apresentável, faço um post só sobre ela)

UPDATE: Saiu um firmware alternativo baseado no Android 2.2 (Froyo), e ele realmente dá vida nova ao celular (e mostra como o software da Sony Ericsson é horrível). Escrevi as minhas impressões sobre ele.

Racing the Beam: Um raio-x do Atari 2600

04 Jan 2011

Racing The BeamUm aviso: não tenho como ser muito imparcial com este livro. Pra começo de conversa, jogos como Enduro, Pitfall, Adventure e Raiders of The Lost Ark são parte integrante das minhas memórias de infância. Eu associo o nome Atari ao universo dos videogames tanto quanto gerações mais recentes o fazem com Nintendo, Sega ou Sony. E um dos grandes “to-do”s da minha vida é concluir o desenvolvimento de algum jogo para essa plataforma. Já flertei com esta proeza no passado, o que resultou em uma pequena animação interativa (perdida no tempo) e em um artigo publicado há quase DEZ anos atrás no site Fliperama – cortesia do Internet Archive Wayback Machine.

Tudo isso torna natural que eu me divirta muito com Racing The Beam. Os autores (Montfort, Bogost) visualizam ele como um exemplo de formato para “estudos de novas mídias”, no qual as características da plataforma (arquitetura de hardware + ambiente social) são analisadas lado a lado com as expressões artísticas (jogos) produzidas sobre ela.

A abordagem é pertinente: as limitações e peculiaridades da arquitetura do videogame (sobre as quais o artigo mencionado acima dá uma noção bem superficial) definem a maneira com que os programadores-artistas trabalhavam: cada programador criava sozinho um jogo inteiro, definindo suas características à medida em que conseguiam desenhá-las e implementá-las. Isso é bem diferente da dinâmica na qual um numeroso time de especialistas trabalha a partir de um design/roteiro, comum nos dias de hoje.

O ecossistema ao redor destes programadores também é levado em conta: muitos dos jogos da era áurea do Atari tinham como premissa a adaptação de versões de fliperama, que operavam em hardware muitas vezes mais poderoso (ex.: com mais CPU, RAM, suporte a framebuffer, tiles, múltiplos botões, etc.) ou mesmo muito diferente (como o display vetorial do Asteroids ou os terminais com teclado e saída de texto como no Colossal Cave Adventure). Isso fazia com que os planos originais sofressem sucessivas mutações, e o livro analisa em detalhes três jogos produzidos desta forma: Adventure, Pac-Man e Yars’ Revenge.

Outros dois títulos produzidos sem uma versão prévia específica (Combat e Pitfall!) também são esmiuçados, e um jogo baseado em filme de sucesso (Star Wars: The Empire Strikes Back) fecha o pacote. Este último ilustra a relevância dos licenciamentos sobre as últimas produções – um dado importante, considerando que a quebra do mercado de videogames que se seguiu foi caracterizada pelo foco nas franquias acima da qualidade da produção. O exemplo clássico é a ambiciosa produção de E.T.: The Extra-Terrestrial, cujo fracasso de vendas obrigou a Atari a destruir milhões de cartuchos não-vendidos e amargar o prejuízo.

A exposição de cada jogo é acompanhada por explicações detalhadas sobre o funcionamento da plataforma e por dados históricos sobre o ambiente em que os jogos eram produzidos e consumidos, para que o leitor possa compreender as forças que atuaram sobre cada detalhe técnico ou estético de um jogo. E a análise não se resume aos seis jogos mencionados: outros tantos são rememorados sempre que se mostram úteis para desenvolver um aspecto qualquer. Quem gosta de computadores e videogames antigos não tem como errar com este livro – que eu pretendo ler muitas outras vezes.

Dance Central (Kinect)

29 Dec 2010

Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de Dance Dance Revolution (DDR), o jogo de dança japonês disponível em fliperamas (embora os do Brasil geralmente tenham Pump It Up, o equivalente da coreana Andamiro) e também nos consoles através de “tapetes de dança”. Cheguei até a customizar um tapete e também a importar outro, mais profissional. Mas chegou um ponto em que a limitação do controle aos pés e a baixa viabilidade de jogar à noite em apartamento me fizeram desisitr de tê-lo em casa.

Quando soltaram o primeiro vídeo promocional do Kinect (então conhecido como Project Natal), a primeira coisa que eu pensei foi em como a Konami não perderia tempo em lançar algo parecido com o DDR para ele, mas a Harmonix saiu na frente com o Dance Central. O jogo se beneficia da experiência da empresa como desenvolvedora original do Guitar Hero e do Rock Band – que ajudou não apenas com a dinâmica do jogo, mas também com os contatos que levaram ao uso de músicas conhecidas em versão original (as poucas músicas que não são feitas pela própria Konami no DDR costumam ser remixes europeus de *covers *de qualidade questionável).

DDR à parte, o Dance Central é ótimo. O objetivo do jogo é simples: você dança em frente à câmera, reproduzindo os passos que compõem cada música, sendo que cada passo é representado por um símbolo e um nome mnemônico. Por exemplo: o Torch pede para erguer os braços como se estivesse carregando uma tocha; Burn a Ride é o gesto de pedir carona, Disco e Fever compõem uma dancinha básica estilo John Travolta, e por aí vai. Um passo executado corretamente rende um “nice” ou (se for muito bem feito) “flawless”, e no meio da música o momento freestyle deixa o jogador dançar à vontade (e filma para constrangê-lo logo em seguida).

Dance Central (Kinect)

Jogadores mais avançados (ou ousados) podem ignorar os símbolos e simplesmente imitar o dançarino na tela como se estivessem em frente a um espelho. Eu vou pelo caminho oposto: antes de jogar uma música, entro no modo Break it Down, que ensina a dançar cada um dos passos isoladamente. É possível até treinar em câmera lenta aqueles em que você estiver mais enroscado. Com isso não tem desculpa: qualquer um pode jogar, independente de sua relação prévia com a balada.

Mesmo passando a empolgação inicial, ainda estou me divertindo um bocado com o jogo (a ponto de ter mudado a posição de todos os móveis na minha sala para liberar o espaço que o Kinect pede – pelo menos 1,80m). O mesmo não pode ser dito do Kinect Adventures (que vem junto com o periférico) – ele lembra o Wii Sports no sentido de mostrar as capacidades do controle inovador, mas não tem o replay value deste.

Tenho também o Dance Masters – esse sim da Konami e planejado como sucessor do DDR – mas confesso que ainda nem abri a caixa. O Dance Central me ganhou fortemente. Fãs de jogos de dança têm nele uma justificativa mais do que suficiente para adquirir o Kinect, e mesmo quem não se empolgou com os tapetes pode vir a gostar desse jogo. É comprar e se jogar!

Chester na Disney

26 Dec 2010

Chester na DisneyA viagem à Califórnia foi seguida por um passeio à Disney de Orlando – ou, oficialmente, ao Walt Disney World Resort. O meu maior interesse era conhecer os parques temáticos – e entender o fascínio que gente como Cory Doctorow tem pelo assunto (Down And Out in the Magic Kingdom e Makers são dois ótimos livros dele que flertam com o tema).

Visitar três parques (e um centro de compras com atrações próprias) é um programa para três ou quatro dias – mas eu só dispunha de dois. Felizmente a minha companheira de viagens era a Bani – uma verdadeira “rata de Disney” que conseguiu compactar a visita no tempo necessário. Muitas das dicas que compartilho nesse post vieram dela.

Uma dessas sacadas foi prestar atenção aos dias em que cada parque tem Extra Magic Hours, i.e., mantém as atrações abertas até mais tarde para quem se hospedar nos hotéis da Disney (como o Dolphin, onde ficamos). Isso nos permitiu visitar o Hollywood Studios e o Epcot no mesmo dia, deixando o outro para o Magic Kingdom e encaixando as comprinhas no Downtown Disney (por exemplo, o Lego a granel) no tempo livre. Tudo isso usando o transporte gratuito que, além de numerosas linhas de ônibus, inclui barcos que ligam alguns hotéis ao Epcot/Hollywood Studios e outros ao Magic Kingdom – e até um monotrilho.

Outro lance é ficar esperto com o FastPass . Não precisa radicalizar como eu e a Bani (lemos um livro no qual um dos assuntos é o fundamento estatístico dele), mas localize rapidamente as atrações indispensáveis que oferecem o FastPass, pegue o passe da que estiver mais cheia e vá para a fila de uma das outras, intercalando com atrações que tenham menos fila.

Reservar restaurantes também é uma excelente idéia (e você pode fazer isso online aqui no Brasil mesmo). As reservas nos garantiram uma ótima experiência no Wolfgang Puck e no Nine Dragons, mas tivemos que comer cedo e contar com a sorte para não pegar fila no Pecos Bill Tall Tale Inn, no Rainforest Café e no Sci-Fi Dine-In Theater – esse último reproduz a experiência do cinema drive-in passando versões curtas dos filmes e desenhos dessa época. Mas foram todos ótimos, sempre com opções vegetarianas de respeito – só comi o peixe no Wolfgang Puck porque parecia (e era) bom.

As fotos estão online, como de costume, e com isso só me resta falar dos rides. Alguns chamam eles de “brinquedos”, mas eu prefiro traduzir como “atrações” ou mesmo o literal “passeios” – já que alguns são mais interessantes pela ambientação do que por qualquer aspecto lúdico. Ao invés de falar de cada um deles, resolvi usar o método do Apontador e dar de 1 a 5 estrelas a cada um dos que eu fui:

Hollywood Studios

Rock’n'Roller Coaster Starring Aerosmith
★★★★★
The Twilight Zone Tower of Terror
★★★★★
Muppet★Vision 3D
★★★★★
The Great Movie Ride
★★★★☆
Studio Backlot Tour
★★☆☆☆

Epcot

Journey Into Imagination With Figment
★★★★☆
Captain EO
★★★☆☆
Living with the Land
★★★☆☆
Gran Fiesta Tour Starring The Three Caballeros
★★★☆☆
Maelstrom
★★☆☆☆
Mission: SPACE
★★★★☆
Test Track
★☆☆☆☆
Reflections of China
★★☆☆☆
REIMAGINED! Spaceship Earth
★★★★☆
O Canada!
★★☆☆☆
The Seas with Nemo & Friends
★☆☆☆☆
Soarin
★★★★★
IllumiNations: Reflections of Earth (fogos)
★★★☆☆

Magic Kingdom

Pirates of the Caribbean
★★★★☆
Big Thunder Mountain Railroad
★★★★★
Haunted Mansion
★★★★★
Space Mountain
★★★★★
Walt Disney’s Carousel of Progress
★★★☆☆
Buzz Lightyear’s Space Ranger Spin
★★★☆☆
“it’s a small world”
★★★★☆
Peter Pan’s Flight
★★★★☆
Mickey’s PhilharMagic
★★★☆☆
Wishes Nighttime Spectacular (fogos)
★★★★★

Justiça seja feita: o Soarin quase mereceu um 6 (eu fui duas vezes e iria mais), e o Test Track não merecia nem existir: muita fila para uma atração chata, sem propósito e des-educativa (passa a idéia de que tecnologia é a solução para evitar acidentes de automóvel). Os fogos no final do dia no Magic Kingdom são imperdíveis e resumem bem a experiência. Ah, e só pra constar: os boatos sobre a Sininho que desce “voando” do castelo ser interpretada por um homem são inconclusivos. :-P

Scroogenomics: A Economia dos Presentes

24 Dec 2010

Um livro cujo título junta Economics (economia) e Scrooge (personagem avarento do conto de Dickens, que também foi homenageado por Carl Barks ao nomear o Tio PatinhasUncle Scrooge no original), pode parecer mal-intencionado. Mas não é: o objetivo de Scroogenomics é mostrar que a compra desenfreada de presentes no natal não é exatamente a oitava maravilha para a economia nacional ou global – ao contrário do que o senso comum (compras ⇒ aquecimento econômico) possa sugerir.

A idéia central é que quando eu pago, digamos, R$ 50 por uma mercadoria, é porque considero que aquilo vale (em termos de satisfação, utilidade ou qualquer critério de valor) pelo menos aqueles R$ 50. Se eu toparia pagar, digamos, R$ 70 por essa mercadoria (caso não a achasse por R$ 50), criou-se valor nesta compra. Em contrapartida: se você gastou R$ 50 para me dar um presente, mas é algo pelo que eu não pagaria mais de R$ 40, o seu ato de boa-vontade destruiu R$ 10 de riqueza dentro da nossa economia.

Parece bobeira, mas somando toda a perda de valor, o número ultrapassa os US$ 60 bilhões – só nos EUA! Com bom humor e sem exigir conhecimento de econometria ou outros assuntos técnicos, o autor mostra como quantificou e qualificou estes números, e pincela algumas soluções – sem querer fazer spoiler, ele pondera até as limitações de presentes em dinheiro (que seriam ideais em uma visão de economia na qual todos os agentes econômicos fossem racionais), defende os gift cards (conhecidos aqui como “vale-presente”) como um bom meio-termo, e apresenta razões suficientes para levar em conta as versões filantrópicas destes cartões, isto é, os que a pessoa usa não para reverter em compras para si, mas sim para “gastar” em caridade dentre uma gama de instituições e causas.

Um exemplo desse tipo de presente são os gift cards do Kiva. O Kiva é um site de microcrédito (que já mencionei antes), através do qual pessoas físicas podem fazer empréstimos de baixo valor – empréstimos estes que fomentam atividades econômicas em comunidades de baixa renda ao redor do globo. O gift card deles permite que você dê ao seu amigo ou familiar a oportunidade de, como diz o lema do site, mudar vidas. O livro mostra que esse tipo de presente não apenas destrói pouco ou nenhum valor entre quem dá e quem recebe, mas que, no somatório da economia, constrói valor como poucas outras coisas conseguiriam.

Mesmo que você não considere esse tipo de iniciativa, ainda é interessante aprender com este economista para onde vai o dinheiro (e, mais importante, o valor) toda vez que dá ou recebe um presente, e, no mínimo, conseguir mais satisfação do presenteado por real gasto.

(Interessado? Compre o meu na lojinha!)

Chester em San Francisco

20 Dec 2010

Chester nos arredores da Golden GateNa minha cabeça, Califórnia é aquele lance descrito pelo Joel Spolsky: todo mundo plugado, surfe, e o verão do amor. A realidade, contudo, é outra: o WiFi nas ruas é escasso (e é difícil conseguir um chip pré-pago com dados), a chuva lembra a garoa paulistana, e me imaginar num calção de banho iniciava uma crise psicológica de hipotermia. Mas os amigos que nos acolheram tambem ofereceram Wi-Fi, dicas e companhia, viabilizando um passeio por San Francisco (e arredores) em apenas quatro dias – com direito a uma aula do Knuth em pessoa!