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Chester na Europa (parte 2 de 3): Berlim

02 Sep 2009

De Dresden eu fui a Berlim, que também transpira história a cada esquina. Mas tem uma diferença: Dresden é um lugar mais “leve”, mesmo longe da zona-de-conto-de-fadas, enquanto que em Berlim vivencia-se o fato de estar em uma grande metrópole. Isso se junta às questões da história recente (que nem preciso abordar a fundo) para deixar o clima um pouco mais pesado. Mas só um pouco.

DSCN0228Em termos de hostel, a experiência não foi muito boa. No Mittes os banheiros são coletivos, e a limpeza muitas vezes deixou a desejar. Os funcionários (no geral bem jovens) têm pouca fluência no inglês ou boa-vontade para qualquer coisa que não tenha a ver com bebida ou balada. Parece um lugar legal para adolescentes que querem sair da saia dos pais, fora isso não tem nenhum atrativo.

O café da manhã variava muito: quando os caras abasteciam ele valia os €5.50, mas em dois dos quatro dias eu achei coisas melhores para comer na rua. Tem Wi-Fi, mas eles cobravam o dobro do pessoal de Dresden (e era o mesmo service provider) e, ao contrário de lá, não tinha uma taxa fixa diária.

Fiquei tão puto que confesso ter abusado de uma falha idiota do sistema: quando você dava logoff ele não derrubava as conexões existentes, permitindo fazer downloads gigantes ou ficar no GTalk usando apenas 1 ou 2 minutos da conta. É feio isso, mas considerei questão de justiça pelo preço extorsivo e atendimento “yeah, whatever”.

O pouco que sobrou do muro, protegido por uma grade (é, todo aquele trabalho pra derrubar e agora estão protegendo :-P )O que me manteve lá foi a localização: não só ele era tão perto da estação de trem inter-municipal quanto o de Dresden, mas também tinha acesso ao metrô logo na porta – e também um internet café com o curioso nome de “Bollywood” (o dono era um indiano que, tirando o hábito de fumar de vez em quando naquele lugar fechado, era gente boa.)

E isso é o mais importante, porque Berlim tem *muito* a oferecer. A dica que me deram e eu repasso é fazer, antes de mais nada, o Free City Tour. É um passeio a pé pelo centro da cidade que vai mostrar as principais atrações e apresentar uma perspectiva histórica de cada uma delas.

Depois desse passeio você seguramente vai saber o que fazer e para onde ir. Por “free” entenda que ao final é praxe dar uma gorgeta ao guia – ele não recebem salário e essa gorgeta é tudo o que ele vai ganhar. €5 é um básico, €10 e acima se você realmente gostou (como no caso do meu guia.)

DSCN0374Sugestão: em qualquer dia sem chuva suba na Fernsehturm, a torre de TV – eu achei que todo dia era dia, e acabei não indo porque o tempo fechou (substituí por um passeio na Lego Land do Sony Center – que, de boa, não vale os €15.)

A minha fama de apreciador da cultura e das artes é uma farsa elaborada que exige manutenção constante. Isso me levou à East Side Gallery, na qual uma seção sobrante do muro é usada como galeria de arte ao ar livre. Claro que o discurso acerca da unificação é o mote, mas é interessante ver como outras bandeiras políticas e influências culturais se misturam e dão origem a peças únicas.

Tem museus a dar com pau, e o sistema de transporte público permite visitá-los com facilidade. O hostel tinha alguns mapas turísticos, mas nenhum bom – o único legal mesmo foi o que o pessoal do Free City Tour deu (que você pode pegar no Starbucks que marca a saída, ou com o guia.)

DSCN0270Um passeio bem bacana foi a ida até o município vizinho de Potdsam – foi um pouco complicado chegar porque uma das rotas estava inoperante devido a uma inundação – e eles só avisam isso nos letreiros em alemão. Fica a dica: informe-se antes de sair se for fazer esses passeios mais longos.

O ideal é alugar bicicletas (o que pode ser feito lá ou em Berlim, os trens acomodam bicicletas numa boa), mas chegamos meio tarde e acabamos percorrendo o grande jardim a pé. Quase morri, mas valeu: os jardins e castelos são indescritíveis – num deles funciona a Universidade de Potsdam. Igualzinho ao IME. :-P

Compramos um mapa turístico por €2 que permitiu fazer esse passeio por conta, mas nem ele antecipou a surpresa que foi encontrar a Brandenburger Straße: com um mercado de comes e bebes ao ar livre, a rua é o destino final ideal para um fim de passeio (se você não chegar tarde como a gente.)

A cidade é famosa pela vida noturna – mas a minha também é, então só topei sair à noite para lugares que fossem “lado B” o bastante (já que durante o dia eu andava bastante). O Leo foi providencial nessa hora, tirando da manga dois lugares interessantes: o Chill Out, um barzinho bem aconchegante, família mesmo (se você não levar em conta a boneca inflável que fica sentada na mesa de bilhar), e o Cafe Zapata.

DSCN0355Esse último é mais curioso: reza a lenda que quando o muro caiu, alguns edifícios de Berlim Oriental foram parcial ou integralmente abandonados por seus habitantes, que zarparam para o outro lado. Um deles foi tomado por uma galera e transformado em um misto de espaço cultural alternativo e balada.

Por €2 eles carimbam o guardinha do Firefox na sua mão, o que permite entrar e sair à vontade – um lance importante, dado o preço das bebidas lá dentro. Por “dentro” entenda-se a antiga garagem do prédio, onde as barraquinhas de bebida dividem espaço com um palco, onde uma banda fazia covers competentes de rock anglo-americano clássico.

Ainda no térreo tinha uma área fechada que parecia até uma danceteria normal – a menos do povo freak extreme e do dragão metálico soltando fogo esporadicamente. Isso sem falar em uma máquina de fliperama mega antiga que eu nem conhecia – era alguma coisa velhaca da Taito ou Atari, coisa de anos 80 ou até anterior. Surreal no último.

Nos andares do prédio (cobertos por pôsteres e grafitti) você não paga para entrar, e cada um tem uma coisa – desde baladas mais descompromissadas até uma daquelas feirinhas de “arte” estilo Benedito Calixto. A maior parte do pessoal é bem de boa, com a eventual trupe de girls-gone-wild dando um colorido. Uma balada bem alternativa.

DSCN0384Um outro lance muito divertido foi conhecer o Ampelmännchen, ou Ampelmann. Os alemães orientais criaram este personagem especialmente para orientar as crianças acerca da importância de atravessar no farol. É mole?

Sei lá qual foi o resultado, mas a coisa virou febre: na lojinha (que tem versão online) você encontra todos os produtos possíveis e imagináveis: roupas, canecas, móveis, até bala de goma e guarda-chuva! Dá pra viver só usando produtos do Ampelmann. Isso sem falar no restaurante, que não deu tempo de visitar.

Enfim, um país que gasta tanta energia com um detalhe como o bonequinho do farol merece uma visita. Próxima parada: Praga.

Wikipedia offline no iPhone \o/

31 Aug 2009

Aleluia! Finalmente pintou uma aplicação que permite levar a Wikipedia em qualquer lugar, independente de operadoras ou redes Wi-Fi.

Demorou para me convencer a gastar US$ 10 na Encyclopedia – ainda mais levendo em conta que é para acessar um conteúdo essencialmente gratuito e livre. Mas baixar a Wikipedia e colocá-la num formato viável é um trabalho do cão, que merece ser recompensado. E o que isso vai me poupar de gasto com internet em momentos de tédio vai pagar a conta rapidinho.

É bom lembrar que, além de gastar os ~R$ 20, é preciso liberar uns 2GB de espaço no aparelho. Outra coisa chata: após instalar a app você tem que deixar o iPhone baixar os arquivos. E parece que eles não sincronizam com o iTunes – ou seja, se der pau é provável que tenha que baixar tudo de novo (estou tentando achar os arquivos pra fazer backup.)

Mas tudo isso vale por um simples motivo – o programa realiza um sonho de consumo da minha infância:

O livro mais completo do universo

Sim, gente: ter a Wikipedia no bolso é equivalente a ter o Manual do Escoteiro Mirim – aquele livro que sempre salvava os sobrinhos do Donald (antes, claro, de eles poderem contar com a ajuda dos Vingadores) em qualquer situação complicada que surgisse.

Na época a Abril até lançou um livro com esse nome – mas duvido que ensinasse como é feito um pára-quedas, ou dissesse qual é a moeda usada na Lapônia.

Alguns diriam que a Wikipedia offline também é funcionalmente equivalente (ao menos para quem não pretende sair deste planeta) a outro livro indispensável:

Outro livro sem precedentes. Arte de George Cairns.

É fato: O Guia do Mochileiro das Galáxias também livraria a cara fortemente em várias situações complicadas do dia-a-dia.

Seja lá o que for, o fato é que agora ninguém me segura - pode ser difícil de achar (a busca é só por título), mas o que quer que eu precise saber está lá! :-)

Reproduzindo DVDs de qualquer região no Mac mini (morte ao DRM)

29 Aug 2009

Introdução

Eu tenho um Mac mini conectado na minha TV – que eu chamo de “firewall da TV a cabo”, já que sua principal função é impedir que o sinal de TV chegue na televisão, e, a partir dela, invada meu cérebro. Apenas coisas da internet e mídias que eu introduzo nele podem passar, garantindo a minha satisfação e sanidade mental.

Optei por este micro como central de mídia porque é um hardware compacto, robusto e, admito, bonitinho. Mas produtos Apple são uma fonte de contradição na minha vida: por um lado, a qualidade justifica o preço mais salgado; por outro, a empresa pisa muito na chapinha quando o assunto é DRM, isto é, as restrições artificiais introduzidas pelos fabricantes para dizer onde, como e quando você vai assistir/ouvir/ler as obras de arte pelas quais pagou.

Godfather - Brando by Popartdks, on Flickr

No caso de DVDs, o que mais me incomoda é o “region locking“, isto é: um dia os barões da mídia dividiram o mundo em um punhado de regiões, para controlar onde e como você assiste os filmes pelos quais pagou. Os fabricantes (como a Apple) embutem essa proteção no leitor de DVD e no sistema operacional. Isso não atrapalha os piratas (que baixam o filme sem nenhuma restrição), mas impede que pessoas que pagam por filmes comprados em diferentes países possam assisti-los.

Ah, mas eles são bonzinhos: permitem que você mude a região do aparelho umas quatro ou cinco vezes – e só aí ele fica travado na última região escolhida. Dá vontade de realmente começar a piratear tudo, só de raiva, mas eu normalmente respiro fundo e uso o VLC para reproduzir estes DVDs. Além de reproduzir boa parte dos DVDs “alienígenas” (por tratar eles como DVDs de dados e decodificar por conta), ele possui muito mais recursos e é gratuito.

Até que um dia encontrei um DVD que não rolava no VLC nem a pau. E não era um DVD qualquer, era O Poderoso Chefão! O box todo. Não tinha como ficar sem assistir esse, mas é um absurdo eu terminar com o leitor travado em  uma região ou outra. Me deu cinco minutos e eu resolvi mostrar ao aparelho quem é que manda aqui, fazendo uma proposta que ele não poderia recusar – capisce?

Tornando o leitor region-free

ATENÇÃO: Este procedimento pode “tijolar” o seu leitor de DVD, tornando-o inútil. Nenhuma garantia cobre isso. Faça apenas se você se sentir à vontade com essas coisas e odiar DRM tanto quanto eu (a ponto de arriscar o drive/micro para vê-lo livre). Não me responsabilizo por qualquer prejuízo que você possa ter, ok?

A maior fonte de informações foi esta página – um pouco antiga (o cara tinha um Powerbook G4), mas precisa. O primeiro passo foi descobrir qual era o fabricante, o modelo e a versão do firmware do meu leitor. Para isso é preciso clicar na maçã > “About This Mac” e no botão “more info” para chamar o Profiler. Nele, abri o item “Disc Burning”, e descobri que o meu drive era um UJ-846 da Matshita e que o firmware era a versão FM3J.

Com essa informação em mãos, procurei nesta lista de desbloqueadores para leitores Matshita o meu modelo e firmware e baixei o software correspondente. Mas não foi só sair rodando (existem instruções no software, recomendo ler): primeiro era necessário ter certeza que a região já estava definida – o jeito seguro para isso é baixar o DVD Info X e verificar se ele devolve “Region x”, onde x é um número.

A segunda coisa é que o software verifica se você tem a versão mínima necessária do Mac OS X, mas um bug faz com que versões muito novas sejam recusadas (ele até coloca um botão de update, achando que vai ajudar, tadinho.) Se acontecer isso, a solução é enganar ele, trocando a versão no o arquivo /System/Library/CoreServices/SystemVersion.plist para uma mais antiga – o meu é o 10.5.8, mudei nas duas linhas para 10.4.9 usando o TextEdit e rolou.

Uma vez que o software Logo da campanha da Free Software Foundation para promover a consciência acerca dos males do DRM. Visite http://www.defectivebydesign.org/ para mais informações.esteja rodando, não interrompa ele, ou seu leitor quase certamente vai pro vinagre. Momento tenso: a barrinha ficou parada nos 80% uma cara, mas andou. A coisa levou uns dois minutos, acho, e no final ele pede pra dar reboot. Peralá: se você editou o arquivo acima, volte para o valor anterior antes de reiniciar, o Mac vai ficar doidão se você não fizer isso.

Quando você reiniciar, vai parecer que nada mudou, pois o DVD Player continua dizendo que a região está errada e dizendo que você tem apenas mais x mudanças pra fazer. Acontece que agora você pode reiniciar o contador de mudanças quando quiser – para isso pode usar o Region X, que permite trocar a região e reiniciar o contador de uma tacada só.

Conclusão

Ao final do processo, a saga dos Corleone corre solta aqui. Até o HandBrake (que eu uso para deixar meus filmes favoritos no HD) passou a ler o DVD, coisa que antes não acontecia (meio inesperado, mas enfim, não estou reclamando). Este processo deve funcionar para outros Macs com drives que estejam na lista do link informado acima – e possivelmente em outros se você encontrar o firmware.

Não é trivial, e valem os avisos acima sobre riscos e responsabilidade, mas pra mim era uma questão de princípios. Se para você também é, não deixe de visitar o site Defective By Design, uma campanha da Free Software Foundation que procura aumentar a consciência do público acerca de questões desta natureza.

Janela de Johari Interativa

27 Aug 2009

A Janela de Johari. Os adjetivos são dispostos nos quadrados conforme o avaliado ou seus pares vão escolhendo

A Johari Window é um instrumento de auto-avaliação interessante: ao contrário de testes como o MBTI, que tentam categorizar/quantificar traços de personalidade, este foca em mensurar a percepção que a pessoa tem destas características, comparando-a com a percepção de terceiros.

Uma das razões para a sua popularidade é a facilidade de aplicação: o avaliado escolhe cinco ou seis adjetivos (de uma grade fixa de 55) que ele julga melhor descrevê-lo, e em seguida as pessoas que o conhecem (pares) fazem o mesmo (i.e., escolhem adjetivos que descrevem o avaliado). Os adjetivos (ou traços de personalidade) são então divididos em quatro grupos:

  • Arena (traços que o avaliado conhece e seus pares também);
  • Fachada (traços que só o avaliado acha que tem);
  • Ponto Cego (traços que o avaliado desconhece, mas seus pares identificam);
  • Desconhecido (adjetivos não utilizados).

Para incentivar a sinceridade (afinal, os pares são tipicamente amigos/colegas/familiares), todos os adjetivos são positivos, evitando que alguém “pegue leve” para não magoar o avaliado.

O mais legal é que o Interactive Johari Window permite fazer essa avaliação online, sem muita burocracia: você escolhe as palavras e um username e recebe o link para divulgar para quem vai te avaliar. É muito prático e dá uma medida razoável (ainda que superficial) de como a pessoa é vista por sua rede de relacionamentos.

Se você me conhece, e pode gastar 15 segundos me avaliando, eu agradeço. Basta clicar aqui.

Ah, se estiver preparado para ouvir coisas ruins, o autor também disponibiliza o Interactive Nohari Window, que é a mesma coisa, só que com adjetivos negativos no lugar dos positivos. Claro que eu também fiz a minha – não furtaria aos meus amigos e inimigos a chance de descer o porrete, e periga eu aprender mais com essa do que na versão “do bem”.

Chester na Europa (parte 1 de 3): Dresden

25 Aug 2009

Novamente o trabalho me levou a visitar um país exótico, e dessa vez foi a República Tcheca. Nunca estive na Europa antes, então aproveitei a oportunidade para mochilar um pouco por ali e pela Alemanha. Ao todo visitei três cidades (Praga, Dresden e Berlim), com uma breve passagem por uma quarta (Potsdam).

O Leo – que fez parte da viagem comigo e ainda está na estrada – mantém um blog de viagem que inclui os lugares que visitamos juntos (Praga, Berlim e Potdsam). Eu me limitei ao tradicional álbum de fotos no Flickr e a comentar um pouco sobre cada cidade neste e nos próximos posts, começando por Dresden.

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Os guias não a chamam de “a Florença do Elba” (ou, como ouvi por lá “a Viena da Alemanha”) a toa. Seu status de centro cultural e artístico se refletiu ao longo dos tempos na arquitetura – tão própria que os caras reconstruiram tudo exatamente como era antes, depois do que foi possivelmente o ataque mais sem-noção executado pelos aliados na Segunda Guerra.

O A&O (hostel onde eu fiquei) tem três coisas bem bacanas: banheiro/chuveiro dentro do quarto, um café da manhã honesto e boa localização. Dá para ir a pé da estação de trem até lá com a mala (importante para quem chega na cidade de trem), e de lá até o centro histórico é um pulinho.

Não que você precise andar a pé por lá: o tram (bondinho) e as linhas de ônibus funcionam muito bem, e você pode comprar os tickets dentro do próprio veículo, basta ter moedas (Euro) à mão. O pessoal do hostel foi bem prestativo e me arrumou um mapinha bacana – com ele eu pude andar à vontade.

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O bacana é ficar circulando no centro histórico – que consiste na área ao sul do Rio Elba. Quando cansar você cruza a ponte mais próxima e alcança o outro lado – cuja arquitetura mantém os traços clássicos do lado sul, mas conta com modernidades como drogaria e supermercado.

Se estiver com fôlego, recomendo subir até o topo da Igreja de Nossa Senhora (Frauenkirche). É uma bela caminhada, com degrais inclinados e rampa que não acaba mais. Mas vale a pena: de lá de cima você vê essencialmente toda a cidade.

Enfim, o lance é se jogar pelas ruas sem planejar muito, e visitar os pontos interessantes que aparecerem. A Münzgasse era a minha rua favorita: tem opções bem variadas de comida, com mesas na calçada onde você pode acompanhar o movimento – fora que eu fiquei viciado no sorvete dessa barraquinha no final da rua. Recomendo muito passar um dia nessa cidade – foi um dos momentos mais agradáveis da viagem.

Meninas Iranianas (A Beginner’s Guide to Acting English / Persépolis)

21 Aug 2009

A Beginner's Guide to Acting EnglishPor uma coincidência curiosa, estou lendo um livro e um quadrinho que tratam basicamente do mesmo tema: iranianas que se viram forçadas a crescer fora do país por conta da Revolução Islâmica.

A Beginner’s Guide to Acting English narra a história de Sahppi Khorsandi, cuja família estava temporariamente na Inglaterra quando a revolução ocorreu. A viagem era motivada pela ascensão na carreira do pai, o escritor e poeta Hadi Khorsandi, e a narrativa é marcada pela adoração da autora por ele – compreensível em se tratando de alguém que escreve versos como:

“The clock on the mantel
Tick tick tick tick
The baby bird in the tree
Chick chick chick chick
I am a poet and will not be silenced! Bring me my pen!
Bic bic bic bic!”

O livro tempera os momentos dramáticos com um texto bastante suave, transportando o leitor para o universo de uma criança que mistura a já complexa experiência do crescimento, com a dificuldade de se adaptar a outra cultura enquanto toma conhecimento das atrocidades impostas pelo regime de Khomeini e seus sucessores aos familiares e amigos que ficaram para trás.

Persépolis CompletoPersépolis é um quadrinho também autobiográfico, no qual Marjane Satrapi retrata seu cotidiano de pré-adolescente nesse mesmo período. Originalmente publicado em episódios de poucas páginas, está disponível aqui numa edição completa que não faz feio na estante ao lado de clássicos do quadrinho mais politizado, tais como Maus ou Palestina -Uma Nação Ocupada.

As duas obras ajudam a esclarecer um ponto bastante importante: ao contrário do que muitos imaginam, o Irã não é uma nação de fundamentalistas malucos. Ao contrário: a maioria das pessoas lá, muçulmanas ou não, são gente normal. Como de costume, uma minoria impõe sua vontade, aproveitando as inoportunas intervenções passadas dos EUA e Inglaterra para justificar um desprezível regime de perseguição e violência, particularmente contra mulheres. Neste sentido estes depoimentos – ainda que só possam ser escritos por quem está fora de lá – denunciam e dão uma certa esperança de mudança.

E se engana quem pensa que isso não tem nada a ver com o nosso país: o que não falta aqui é líder religioso doido pra riscar do mapa tudo o que não for do credo deles . Pra piorar, a massa popular de manobra e poder financeiro desses malucos só aumenta. Por um lado eu fico feliz em ver qualquer um batendo na Globo, mas por outro me assusta que alguém tenha ganho estrutura o bastante para fazer este desafio – baseado apenas no dízimo.

Por Um Fio

20 Jul 2009

| Este livro do Drauzio Varella é bem interessante: após anos e anos se surpreendendo com a maneira com que muitos pacientes mudavam (para melhor) seu modo de viver após receber um prognóstico decorrente de alguma doença incurável, o médico se...

Tweets And Replies

19 Jul 2009

| A confusing situation happens on Twitter whenever people you follow talk to people you don't. Twitter "fixed" it by hiding such conversations from your timeline - but that gives you *less* information when you wanted a bit more. With that...