Wikipedia é um vício. Ela remete aos tempos clássicos da web, onde a gente passava o tempo todo lendo textos pouco ilustrados, mas forrados de links, e passeava de um para outro até esquecer o que veio procurar. Hoje eu me dei conta disso quando estudava a maior palavra da língua inglesa – um assunto aparentemente mais controverso que o nosso anticonstitucionalissimamente</a>.
Microsoft Bob
Brincando na pouco conhecida página do Google de buscas MS, acabei encontrando este excelente documentário sobre o Microsoft Bob. Vale a pena perder uma meia hora aqui estudando um dos mais interessantes cases de produto perdedor da história. Foi fracasso comparável, talvez, ao IBM PCjr ou à introdução da Cherry Coke no Brasil.
Para quem não conhece, o Bob era uma tentativa da Microsoft de criar uma interface amigável para o Windows 3.1/95, que acompanhasse programas de produtividade pessoal (agenda, controle de finanças, etc.). As telas era a coisa mais kitsch do planeta – era impossível fazer algo de útil sem se distrair com a poluição visual – isto é, se você tivesse máquina sobrando para toda a pirotecnia.
Aparentemente a MS dedicou bastante energia ao assunto, pois o Bob deixou sua marca em todo lugar. A herança mais nefasta são os infames Assistentes do Office. O site mapeia os personagens que permaneceram nos produtos atuais e também mostra resquiços do Bob no MSN Messenger e outros softwares modernos.
É pra ajudar no dever de casa…
À medida que a Geração Nintendo vai atravessando a casa dos 20 anos, sua produção cultural começa a aparecer. A revista Wired de fevereiro documentou uma excursão com o Minibosses, banda que se dedica a fazer remakes de músicas dos jogos do Nintendinho. Esse tipo de “banda de console” tem se popularizado – existem até as nacionais, como o Megadriver (cujo site tem todos os MP3).
Isso tudo já é meio carne-de-vaca, mas eu me surpreendi ao descobrir que, pra variar, os ingleses tinham algo a dizer: M.J. Hibbett & The Validators é um grupo britânico que, ao invés de recriar a glória MIDI dos consoles, se dedica aos micros ingleses de 8 bits (e a assuntos correlatos, como mostra a letra de Programming Is A Poetry For Our Time).
O site disponibiliza MP3 e vende os CDs (que, a £10 pesam um pouco, mas estou considerando). Está circulando um videoclip em flash da música Hey Hey 16K – na qual a banda se diverte com o “conflito de gerações”: os pais ingleses não gostavam da idéia de videogames, mas, pensando no potencial educativo, compravam os micrinhos – que acabavam sendo usados para jogos em 99% do tempo. O flash nem é tão interessante, mas é uma excelente apresentação da banda.
O clube da mentira
Segundo este artigo do Wired News, os gringos criaram uma comunidade que te ajuda a bolar desculpas para sair do trabalho cedo, dar um cambão num encontro, enfim, a contar aquelas mentiras brancas que mantêm o mundo girando.
Ainda no tema, o artigo menciona um software que simula barulho de trânsito, tempestades, enfim, todas as desculpas necessárias para encerrar a ligação.Fico imaginando o que a criatividade brazuca vai fazer quando essas coisas chegarem aqui.
Videos amadores Stone Age Scanners
Isso era pra ser um negócio nosso, eu fico até constrangido de ver na web, mas já ia ser digitalizado mesmo, então chutamos os baldes: eis os famigerados Videos Amadores Stone Age Scanners. Assista por conta e risco próprios.
Afinal, alguém tem que preencher a lacuna do falecido Pepa Filmes (cuja página não mostra mais os filmes). Não que a turma do Garret, grande amigo, não esteja tentando…
Plotter feito de sucata
Em 1970 e guaraná-com-rolha, os drives de disquete eram caríssimos, em grande parte por usarem componentes (chips) customizados. Steve Wozniak, o inventor do Apple II, usou de alguma criatividade para transferir parte do trabalho do hardware para o software, e montou um drive com componentes de varejo.
Pulamos para 2004, e achamos um cidadão brasileiro que precisava de um plotter. Para quem não conhece, plotter é uma espécie de impressora que literalmente desenha à caneta sobre o papel, muito utilizado em engenharia. Este tipo de equipamento normalmente é caríssimo: além de ser produzido em baixa escala, utiliza uma mecânica muito específica para movimentar a caneta sobre o papel.
No melhor estilo Woz, o cara acabou construindo seu próprio plotter usando sucata de impressoras. Novamente, o software teve que ser mais esperto, mas um holandês entrou na parada e resolveu. Ainda estou de queixo caído.
Receita para um nerd morrer feliz
Como se não bastasse a perspectiva de sexo nos trens para possuidores de aparelhos com BlueTooth, a Inglaterra acena como nova terra prometida dos nerds com essa: um britânico que está vendendo a mais imponente, massiva, monstruosa e jamais sonhada coleção de micros antigos da face da terra.
Curiosamente, neste momento o preço do leilão está em £660, muito próximo dos mais apropriados £666 que este este maldito causador de inveja inspira. Dá uns R$ 3.500, o que é uma fortuna, mas chega até a ser justo – afinal, é diversão até o final da vida. De qualquer forma, o cara infelizmente (ou felizmente, já que uma compra dessas acaba com qualquer casamento) exige retirada no local.
Não que o custo de correio, mais impostos e explicações na alfândega (até onde sei não se pode importar bens usados assim) já não inivabilizassem. Ai, minha Santa Ifigênia, valei-me!
Como ou não como
Se eu fosse falar de todos os fenômenos sociais que eu presenciei em algumas semanas no Orkut, o tema iria certamente monopolizar este espaço. Mas eu ainda não consegui me recompor da visita à comunidade Como Ou Não Como (tem que ser membro do Orkut para entrar).
O fórum reproduz no mundo virtual o que é possivelmente uma das conversas mais comuns no meio masculino: a classificação da viabilidade, enquanto parceira sexual, de qualquer mulher que vier à cabeça. No caso, partiu-se para o minimalismo: cada tópico é aberto com a proposição de uma pessoa (geralmente mulher e participante do Orkut), e as pessoas respondem com as auto-explicativas opções “como” e “não como”.
Qualquer esperança de rebelião por parte do meu lado anti-sexista cai por terra ao verificar o quanto o jogo é levado na esportiva – invariavelmente, as moças avaliadas acabam participando da conversa (o que quase nunca acontece no mundo real). Num misto de lisonja e estupefato, se conformam de que “homem é tudo igual mesmo”, e levam numa boa.
A sacada, claro, tinha que vir de uma mente superior: o MrManson do Cocadaboa.
Curiosidade: eventualmente alguém tenta colocar homens na brincadeira, mas nunca vinga. Pelo jeito, o gene da falta de pudor só existe na população masculina (ao menos no mundo hetero).
Combo Rangers sem revista
É, dessa vez o Super Macacaloiro venceu: a revista Combo Rangers – uma das nacionais mais interessantes publicadas atualmente – teve sua publicação interrompida, segundo informação do próprio autor (Fabio Yabu).
Já falei dela em outra ocasião. Resumindo: é uma revista infantil consistente o bastante para ser lida por adultos, e que se destaca pelo estilo de humor “antenado”. É praticamente um jogo de trivia sacar todas as referências bem-humoradas à cultura pop que o autor faz no meio das histórias.
Pelo menos o último arco de histórias foi apropriadamente fechado, não deixando ninguém na mão (como, infelizmente, acontece muitas vezes nestes momentos tristes). Além disso, o site ainda existe, publicando histórias novas.O autor diz ter outro projeto no forno – pela qualidade do que publicou até agora, não duvido que valerá a espera.
Microsoft versus suásticas
Estava eu feliz, testando uma máquina nova, quando o Windows Update pediu para instalar um update crítico. Nerd que sou, li a descrição do update (KB833407), que dizia tratar-se da remoção de uma fonte que contém “símbolos inaceitáveis”.
A razão do auê: a tal fonte, distribuída com o Office 2003, contém duas suásticas. A imprensa especializada não deu muita atenção (o Wired News só soltou uma notinha, outros nem isso).
Se você mantém seu Windows atualizado, essa “perigosíssima” fonte já deve ter sido substituída. Claro que não tenho qualquer simpatia pelo nazismo, mas além de não acreditar em censura, tenho um mínimo de cultura geral para saber que a suástica não necessariamente o representa (em certas culturas chega a ser um símbolo de boa sorte). Assim, vai um passo-a-passo para recuperar a fonte antiga:
- Dê um Localizar no seu CD do Office pelo arquivo BSSYM7.TTF (no meu do Office 2003 está na pasta \FILES\WINDOWS\FONTS);
- No Painel de Controle, abra a pasta Fontes e apague a BookShelf Symbol 7 (se ele não deixar é porque você está com algum programa aberto que a usa);
- Arraste o arquivo localizado no primeiro passo para a pasta Fontes.
Pronto! Agora você já pode escrever usando os símbolos que bem entender (a suástica na foto é o til). Não seja idiota e use com sabedoria.