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Quadrinho bom, de graça e online

19 Mar 2003

Tem horas em que a vida nos surpreende: você gasta uma bala comprando quadrinhos que supostamente deveriam ser legais, e coisas bacanas de verdade pintam na web, de graça. Como foram dois casos só esse mês, me senti na obrigação de compartilhar:

O primeiro é o Small Stories Online, de Derek Kirk Kim. Não confunda os quadrinhos dele com os do substituto (Brent Kirk), que também são bons mas já é outra história. Fui imediatamente fisgado pela história Same Difference. Talvez eu esteja ficando (ou voltando a ser) sentimental, mas de repente me senti com 16 anos novamente (mesmo a história falando de gente da minha idade).

Se isso parece coisa de maricón pra você, corra pro Kaz’s Underworld (que descobri graças ao blog do Allan Sieber). Dê uma geral no arquivo e você verá como é bacana ver alguém cagando para o “politicamente correto” sem usar isso como justificativa para falta de talento. Tipo assim.

Boicotando a américa das marcas

19 Mar 2003

O Adbusters é uma espécie de ONG anti-consumismo, famosa por suas campanhas como o Buy Nothing Day (Dia de Não Comprar Nada). Algumas pessoas me chamaram a atenção para a campanha mais recente deles, a Boycott Brand America (algo como “Boicote a América das Marcas”).

Esta campanha estimula as pessoas a diminuirem ou cortarem completamente o consumo de produtos de griffes americanas (tais como Coca-Cola, McDonald’s e Nike), na tentativa de passar um recado contra a guerra no Iraque através da única parte do corpo em que o governo e a elite americanos ainda têm alguma sensibilidade: o bolso.

Não vou tecer comentários sobre esta guerra, pois já se escreveu bastante coisa (boa e ruim) sobre ela. E, embora não acredite que minha ação individual vá fazer alguma diferença, achei interessante começar uma participação – além de medir o meu nível de dependência em relação à América corporativa, creio que outras pessoas possam ver o que estou fazendo e também tomar partido (afinal, foi o que aconteceu comigo).

Funcionando ou não, o consolo é que me parece muito melhor dedicar tempo e energia a uma causa de objetivo palpável como esta do que em prol de movimentos do tipo “vamos defender o software ‘livre’ e derrubar a tirania da Microsoft”. Isso sim eu acho um verdadeiro desperdício de ativismo…

Meu próprio Apple II de garagem

10 Feb 2003

Correndo o risco de denunciar meus vinte e muitos anos, confesso que boa parte da minha formação como programador veio dos saudosos clones do Apple II (TK3000, Unitron AP II, etc.). Juntando o desejo de voltar a brincar com uma dessas máquinas com o sonho de moleque de ter um Apple IIGS (modelo mais avançado que não chegou ao Brasil), resolvi comprar uma placa-mãe de IIGS no eBay (lá vendem o micro completo de baciada, mas o envio é proibitivo), improvisando um gabinete e adaptando periféricos de PC/Mac.

Assim que eu terminar de montar o brinquedo eu coloco um artigo completo, mas não pude deixar de mostrar algumas fotos. Sim, o “gabinete” é um daqueles recipientes plásitcos de comida (“tupperware”, ou algo assim, no jargão da cozinha). Não é uma idéia original, nem a mais bizarra do planeta: o Applefritter mostra Macintoshes nos gabinetes mais bizarros, desde os montados com Lego até um aspirador de pó!

UPDATE: Além das fotos, coloquei na seção micros de 8 bits uma descrição mais detalhada de como está sendo feita a montagem do IIGS – no qual já deu pra dar uns HPLOTs :-)!

5a. fest comix

10 Feb 2003

Não bastasse o Mundo Mix, compareci no domingo à 5ª Fest Comix. Estava lotadíssimo, mas valeu: o lugar tinha lançamentos dos últimos 3 anos, mas todos em estado de novo – e, em muitos casos, com preço de sebo. Isso fora a premiação, para a qual não pude ficar. É sempre legal ver o povo que faz os quadrinhos, mesmo pra quem, como eu, não tem vocação para “fã bobão“.

Deu pra completar minha coleção de Ranma 1/2, e comprar vários outros quadrinhos daqueles que estão sempre um pouco acima do que eu julgo razoável gastar num gibi – muita coisa de R$ 30 por R$ 20, de R$ 20 por R$ 15/12, etc. Há boatos de que o próximo será em Julho, mas planeje seus gastos, pois o lugar aceita cheque e cartão Visa. Desnecessário dizer que deixei as calças, minha mãe e ainda fiquei devendo.

Mercado mundo mix

03 Feb 2003

Mistérios do casamento: saí pra ir comprar roupas na Augusta, e, de alguma forma, fui levado ao chamado Mercado Mundo Mix.

Não posso deixar de fazer uma observação pessoal: estou ficando velho. Não deu nem meia hora e eu já estava querendo chamar a gerência e pedir pra abrir umas janelas, ligar o ar condicionado, acender as luzes, sei lá. Entrei com 28 anos e saí com uns 40. Mau sapão, mau sapão.

De qualquer forma, as atrações do evento são os badulaques “modernos” e os tipos “alternativos”. As aspas são porque… bem, eu vim dos anos 80, e, por mais que eu apóie a livre expressão da garotada, é curioso ver o pessoal nos seus 18, 20 anos vestindo-se como membros do Sex Pistols que já estão na casa dos 40.

Achei umas camisetas fantásticas (já foi o tempo em que os comic shops eram referência de criatividade nesse setor). Infelizmente, eu uso tamanho G(ordo), e lá só tinham tamanho A(noréxico). Mas a viagem não foi perdida: comprei a edição nacional de um livro sobre o Kevin Mitnick por R$ 2.

É, quem nasce geek morre geek, não tem jeito.

História da informática nacional

03 Feb 2003

Pra quem gosta de micros de 8 bits e da história das pessoas por trás deles, eis um tremendo achado: O site do MCI (Museu da Computação e Informática) reune, na seção biblioteca, uma coletânea de livros sobre a história da informática nacional. Prato cheio.

Combat! – um mangá até pra quem não gosta de mangá

19 Jan 2003

Só o fato de ser do mesmo autor de “Mai” (um dos primeiros mangás a sair no Brasil, na época da onda Akira/Lobo Solitário) já valeria uma olhada neste gibi – e pelo jeito o Sr. Kazuya Kudo não perdeu a mão, o gibi é ótimo.

É verdade que a capa não seduz muito – talvez seja a colorização, meio artificial, ou a idéia (errada) de grupo infantil de combatentes que ela passa. A primeira coisa que me chamou a atençào é que a história se passa em Nova York (o personagem principal é nipo-americano), dando uma visão interessante a temas como a máfia, policiais nos dois lados da justiça e até sobre os veteranos do Vietnã que residem na cidade.

Também destaca-se o fato de não haver uma continuidade muito forte entre as histórias – apenas o personagem principal permanece. Este último fator, aliado ao fato de as páginas terem sido adaptadas para a ordem de leitura ocidental, certamente vai agradar os não-aficcionados pelo gênero, sem prejudicar os fãs como eu.

O fato de ser um formato maior e de terem “invertido” as páginas não impactou muito no preço: R$ 5,50 com três histórias que dividem 82 páginas. Fico torcendo para que os próximos números sejam publicados, pois tenho um certo receio quanto à viabilidade comercial de qualquer mangá acima da linha dos R$ 5. Desta vez espero estar errado.

Quadrinhos a serviço da igreja

18 Jan 2003

Aproveitando o assunto HQ: por esses dias eu recebi na USP um panfleto, que me chamou a atenção por ser todo feito em quadrinhos. Não é novidade nego usar HQ para tentar passar um recado: o formato junta o apelo visual de mídias como a TV com a densidade dos meios escritos.

O que me chamou a atenção é que o panfleto era propaganda de uma igreja. Quadrinhos costumam abordar temas eclesiásticos, especialmente a partir dos anos 70, mas é comum fazê-lo através de uma visão mais distante. Quando há um posicionamento, geralmente é crítico.

Eu analisei como se fosse um fanzine – achei mais justo, dado que não é uma publicação profissional. A introdução foi muito feliz, dado o público-alvo (foi distribuída na porta do local de prova), e é até engraçada. Pena que, a partir da metade, o argumento descamba para as técnicas Instituto Universal Brasileiro de passar um recado (especialmente a terceira linha).

Talvez o autor estivesse fazendo outra piada neste ponto (caso em que falhou), talvez tenha se empolgado demais com o tema (motivo que, a meu ver, mata na praia muito músico gospel de talento), ou talvez simplesmente ele tivesse se comprometido com uma mensagem densa demais para uma página só (os personagens começam a ser “empurrados” pelos balões pouco ortodoxos, erro comum em fanzines iniciantes). O fato é: se ele tivesse mantido o ritmo das duas primeiras linhas, o resultado final ia ser bacana.

De qualquer forma, é interessante ver que uma organização de caráter mais ortodoxo enxergou os quadrinhos como uma mídia potencial (eles podiam ter feito um panfleto “normal”, que certamente envolve menos riscos institucionais). Claro que provavelmente foi feito por alguém da própria instituição, mas alguém ali dentro aprovou – já é lucro.

É bom lembrar que, em se tratando de Brasil, eu sou partidário de que se estimule toda e qualquer produção de quadrinhos. Quando a gente tiver um volume de publicações (e, principalmente, de remuneração) compatível com o primeiro mundo, daí podemos ser mais críticos com a qualidade e o uso que é feito delas.

Crumb: a censura acontecendo onde menos se espera

03 Jan 2003

A Conrad lançou o especial “R. Crumb: Frtiz the Cat”, uma edição com preço meio salgado [na editora][1], mas que na FNAC estava com um [bom desconto][2] quando eu comprei.

Trata-se de uma compilação das histórias de Fritz, personagem de Robert Crumb que dispensa apresentações. O que me levou a escrever foi a história “R. Crumb Comics & Stories”. Eu já tinha lido esta no número 5 da revista “Porrada”, de 1998. Sem estragar muitas surpresas: Fritz retorna à casa de sua mãe no interior, depois de ter vivido um tempo na cidade, e acaba tendo uma relação sexual com uma garota.

Na tradução da Porrada, a garota era a filha do vizinho. Qual não foi a minha surpresa ao ver que, na tradução da Conrad, a garota era a irmã mais nova do Fritz. Pesquisando na Internet, vi que a versão do incesto é a [correta][3]. Também descobri que esta história também sofreu este tipo de censura [na Espanha][4], na revista Star, mas em 1975.

Pode ser que a Porrada tenha pirateado o material da revista espanhola, sem saber da censura. Mas também pode ter sido feito de caso pensado. Pior ainda: talvez eles tenham republicado a história da revista Grilo, ou de alguma outra que publicasse Crumb no Brasil. Eu não acredito que a Grilo fizesse coisas deste gênero (só li um exemplar dela até hoje, mas sei que fez a cabeça de muitos autores de quadrinhos no Brasil). Mas é uma possibilidade no mínimo frustrante.

É curioso pensar que, se a Conrad tivesse censurado, até seria compreensível – afinal, eles publicam quadrinhos infantis de sucesso. Seria lamentável, mas compreensível. Mas não o fizeram, o que merece os parabéns e só reforça minhas recomendações acerca desta edição.

Seguem alguns quadrinhos das duas publicações – a qualidade da digitalização deixa a desejar, mas o conteúdo não deixa dúvida alguma.

</tbody> </table> [1]: http://www.lojaconrad.com.br/produto.asp?id=139 [2]: http://www.fnac.com.br/livros/Ficha.asp?cod=8587193805&menu= [3]: http://www.typotheque.com/articles/zap.html [4]: http://www.mundofreak.com/html/archivos/v2b/magazine/comic/reportaje.htm


R. Crumb: Fritz The Cat, 2002
“sem censura”</td>


Porrada! no. 5, 1988
“censurada”</td> </tr>

“Você” virou “a pequena do vizinho”…

…e “maninha” também virou “pequena”.

“Namorados” é feio, né ? Melhor que a menina tenha “amiguinhos”.

Deram até um nome pra ela !

Pelo menos o final é um legitimo final Fritz, em ambas as edições.

Mensagens subliminares

02 Jan 2003

Essa é tão ridícula que eu não podia deixar passar: o site Mundo Subliminar dedica-se a achar as mensagens que os conspiradores deixam na mídia na tentativa de corromper nossas criancinhas. Não sei se o autor é um rei da ironia, ou se acredita nisso tudo, mas ele juntou uma quantidade de material capaz de entreter por horas.

Um dos itens hilários é a “mensagem” que descobriram na campanha eleitoral de Lula (confira na seção “Destaques”), que comprova de forma irrefutável que ele é mesmo o demônio encarnado. Também gostei da matéria “Disney”, que promete boas risadas ao mostrar que tudo que o Tio Walt fez é para incutir idéias pecaminosas na petizada. E a seção de comentários, como não poderia de ser, descamba pro quebra-pau pseudo-teológico, dá até medo.

Os paulistas da Zona Leste ganham um brinde: no meio destes comentários, um cara alega que a vinheta da danceteria Overnight, tocada ao contrário, possui uma mensagem satânica (a mensagem é de 19/09/2002, tem que dar uns “avançar”). Se for verdade, é muito irônico, já que, no local onde era a Over, hoje funciona uma igreja…